São Paulo – O Projeto Travessia completa nesta terça-feira 20 exatos 16 anos de trabalho ininterrupto com crianças e adolescentes em situação de rua ou de risco. O projeto, que é braço social do Sindicato, começou com educação de rua para meninos do centro da capital, mas foi gradualmente ampliando seu leque de atuação ao longo desses anos.
Isso porque o contato com as crianças e adolescentes que circulavam pelo centro, levou educadores e funcionários do Travessia aos bairros de origem desses meninos. E na busca por reintegrá-los às respectivas famílias, o projeto teve também de lidar com atendimentos e demandas da comunidade. “Do início, em 1995, até hoje já atendemos cerca de 13 mil crianças, mas esse número sobe bastante quando consideramos os atendimentos feitos aos familiares”, conta Clóvis Dias, um dos coordenadores do projeto.
Em geral, explica, o projeto atua com orientação à família, esclarece sobre seus direitos e encaminha suas demandas à rede pública de atendimento adequada, cursos profissionalizantes, atendimento psicossocial etc.
Após 16 anos e vários projetos executados, o Travessia tornou-se referência nacional, o que o levou a outra área de atuação. “Criamos o Núcleo de Desenvolvimento, que presta consultoria, capacitação de profissionais e formação continuada de educadores. Um dos planos para 2012 é um convênio com as sete prefeituras do ABC para capacitar seus educadores de rua”, informa Clóvis.
Novo projeto – Outra novidade para 2012 é a realização do programa Cidadania Plena e Protagonismo Juvenil, com crianças e adolescentes e as comunidades dos bairros Penha e Cangaíba, na zona leste da cidade. O projeto foi aprovado pelo Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (Fumcad) e está agora em fase de captação de recursos. “O Fumcad prevê a isenção de impostos para as empresas que contribuírem com o projeto. Vamos atrás de patrocínios e pretendemos começar a atuar nas áreas já neste ano que entra”, anuncia o coordenador.
Os locais foram escolhidos por serem bairros de origem de muitos meninos que acabam nas ruas do centro. “O Cidadania Plena deve atender cerca de 60 adolescentes, mas seu alcance será maior porque inclui as famílias e as comunidades. A ideia é identificar e incentivar as potencialidades de cada comunidade e sua rede de solidariedade, para que ela ande por si mesma quando o Travessia sair da área. Queremos promover o empoderamento e protagonismo da comunidade para que ela, inclusive, torne-se parceira na gestão do projeto.”
Respeito – O Travessia cumpre outro papel fundamental: o de difundir os direitos das crianças, previstos no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), e de educar a sociedade, combatendo preconceitos e violência, e sensibilizando as pessoas para o problema.
“Nosso trabalho tem uma concepção muito diferente da política de higienização adotada muitas vezes pela polícia ou por órgãos municipais ou estaduais. Somos contra, por exemplo, a retirada compulsória dos meninos das ruas do centro. Acreditamos que uma ação de combate eficiente ao problema tem de passar necessariamente pelo convencimento e reintegração desses meninos na família, na escola e na comunidade. Por isso nos pautamos sempre pelo ECA”, conclui Clóvis.
Andréa Ponte Souza - 20/12/2011
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Braço social do Sindicato, projeto já atendeu cerca de 13 mil meninos em situação de risco
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