Pular para o conteúdo principal

Bancos recuam no combate ao assédio sexual

Linha fina
Em mesa temática sobre igualdade de oportunidades, Fenaban volta atrás na intenção de organizar campanha contra o crime em conjunto com o movimento sindical; dados revelam que mulheres negras e pessoas com deficiência continuam sub-representadas
Imagem Destaque
São Paulo – Os bancos se recusaram a organizar, em conjunto com o movimento sindical, uma campanha de combate ao assédio sexual, cada vez mais recorrente no ambiente de trabalho bancário. O recuo da Fenaban – que havia sinalizado a favor da ideia durante a Campanha Nacional 2015 – ocorreu durante mesa temática sobre igualdade de oportunidades, na terça-feira 15.

Dados da consulta de 2015, respondida por mais de 40 mil bancários em todo o país, revelam que 12% dos participantes mencionaram a importância de se discutir o assédio sexual. Em 2014, apenas 1% apontou essa preocupação.

Durante a negociação, os representantes dos bancos se limitaram a reforçar a comunicação interna para sensibilizar os trabalhadores sobre o problema. “O movimento sindical registrou sua frustração em relação ao recuo da Fenaban, mas vamos manter nossas campanhas de conscientização, ampliar a divulgação do canal de combate ao assédio moral [clique aqui] e continuar debatendo com a categoria que o assédio sexual é crime previsto em lei”, salienta a diretora executiva do Sindicato Neiva Ribeiro.

A dirigente reforça que o assédio sexual no ambiente de trabalho é uma violência, pois o agressor se utiliza do seu cargo e poder para subjugar a vítima. “É uma relação de poder calcada no machismo, que é algo que lutamos para desconstruir”, acrescenta.

Desigualdade - Durante a mesa temática, a Fenaban apresentou dados que reforçam que alguns segmentos sociais ainda estão sub-representados no ambiente profissional bancário. Os trabalhadores com deficiência no setor representam 3,6% do total. Em 2008, era 1,8%. A Fenaban alegou que a dificuldade de contratação se deve à deficiência da educação pública. Os sindicalistas discordam dessa argumentação e cobram o cumprimento da cota de 5% exigidas por lei.

Também foram apresentados dados que revelam a sub-representação das mulheres negras no setor. Em 2008 - primeiro censo da categoria - ocupavam 8,2% dos cargos nos bancos e representavam 18,3% da população economicamente ativa. No novo censo, em 2014, este segmento social subiu para 11% no ambiente profissional bancário e 21,6% no total da sociedade. “O aumento sem dúvida representa um avanço, mas os resultados continuam longe do esperado. Precisamos avançar mais”, cobra Neiva.

Os debates continuarão em 2016, quando ocorrerão outras quatro reuniões, em fevereiro, abril, julho e a última após a assinatura do acordo da campanha dos bancários de 2016.

“Vamos continuar a luta para construir uma sociedade de iguais, sem discriminação de gênero, raça, orientação sexual, pessoa com deficiência, sem violência de gênero e sem assédio sexual”, afirma a dirigente sindical Neiva Ribeiro.


Rodolfo Wrolli – 15/12/2015
 
 
seja socio