São Paulo – Longe de significar o fim da reorganização da rede estadual de ensino reivindicada por alunos que ocupam escolas há 25 dias, a suspensão do projeto do governo de Geraldo Alckmin (PSDB), anunciada na sexta-feira 4 em meio a protestos e repressão policial, parece apontar para a primeira derrota em mais de 20 anos de gestão tucana.
“O debate sobre a situação da educação paulista acabou sendo feito por vias tortas, em meio às manifestações. O governo tentou colocar na agenda a seu modo, mas foram os movimentos que acabaram agendando a Educação”, disse a presidenta do Sindicato dos Professores do Ensino Oficial de São Paulo (Apeoesp) Maria Izabel Azevedo Noronha, a Bebel, em entrevista coletiva na tarde da sexta-feira.
Segundo a dirigente, a desvalorização do trabalho docente e as classes superlotadas, que prejudicam a qualidade do ensino e que estão no centro do debate estudantil apoiado por pais, professores e movimentos sociais, são os mesmos pontos da pauta de reivindicações do movimento grevista dos professores que em 2015 durou três meses sem que o governo apresentasse uma proposta sequer. “Tivemos zero de correção salarial e estamos com uma série de pendências que serão transferidas pelo novo secretário da Educação”, disse.
A suspensão do projeto que inclui o fechamento de mais de 90 escolas e a extinção do ensino médio, principalmente noturno, em muitas unidades, bem como a saída do secretário da Educação Herman Voorwald, foram recebidas como “necessárias”.
“Era preciso voltar atrás. O bom senso dizia que não se pode impor com força policial aquilo que a sociedade não está aceitando”, disse Bebel. “Estamos esperando que o próximo secretário tenha o perfil prometido pelo governador em 2011, de que teria disposição para o diálogo, mas que não aconteceu na prática.”
Ainda segundo a dirigente, a luta dos professores ganha força com o movimento dos alunos. “Mesmo assim, governo Alckmin deverá seguir com a tentativa de quebrar a Apeoesp.”
A presidenta da União Paulista dos Estudantes Secundaristas Ângela Meyer, avalia como importante e significativa a queda de Voorwald. “Sua gestão foi marcada pela falta de diálogo desde o princípio. É uma felicidade a saída dele.”
No entanto, conforme a lider estudantil, a luta não acabou. “A escola pública deve ter outro objetivo, os professores devem ser valorizados e o governo tem de cumprir sua obrigação com a educação.”
Redação com Cida Oliveira, da Rede Brasil Atual - 4/12/2015
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Para sindicato dos professores da rede estadual, manifestações realizadas nas últimas semanas, contra reorganização, mudaram história da escola pública no estado de São Paulo
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