Nos últimos dias, diversos trabalhadores procuraram o Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região relatando um sentimento de frustração em relação a aferição das metas e as práticas de gestão nos setores comerciais do Itaú.
O Sindicato procurou o banco e abordou diversos tópicos, desde possíveis irregularidades na contabilização de produções até a falta de incentivo dos gerentes gerais na leitura e compreensão das regras estabelecidas.
Confira abaixo as principais questões e as respostas fornecidas pelo banco.
"Roubo" de produções e falhas no monitoramento
O Sindicato questionou a possível ocorrência de "roubo" de produções relacionadas a financiamentos de veículos, com a anuência do banco, pois o sistema Credline permitiria que pessoas de todo o Brasil cadastrassem produções sem realizar a transação, prejudicando gerentes sem uma ação efetiva por parte do banco.
Em resposta, o Itaú afirmou estar ciente da situação e em processo de apuração, destacando seu compromisso com a ética.
Já os bancários afirmam que o sistema Credline é apenas uma das formas de “roubo de produção”, e exemplificaram ao Sindicato que no sistema VAI, outra ferramenta de aferição de produção, a contabilização fica para o último bancário que fizer um registro de interação. Não para quem efetivamente realizou a venda e, ao registrarem o conflito, são orientados a “resolverem entre si”.
"Grana Extra" e problemas na premiação
O Sindicato levantou com o banco a questão do "Grana Extra", campanha de incentivo que promete valores adicionais à comissão daqueles que atingirem metas ainda maiores que o padrão, na qual um cálculo errado na planilha de acompanhamento prejudicou vários bancários.
O banco nega a existência de uma planilha oficial, sugerindo que poderia ser um documento não autorizado. Os bancários replicam, afirmando que o banco disponibilizou a planilha no sistema da instituição e questionam a legitimidade das práticas.
Sistema de alavancas e cobrança de metas
O Sindicato apontou que o sistema de alavancas - métrica de priorização sobre quais produtos valem mais a pena ser comercializados - se transformou em uma espécie de "pirâmide" para os gerentes gerais, pois da forma como está desenhado faz com que eles não estejam preocupados com as entregas individuais ou coletivas da equipe, mas sim com seu próprio resultado financeiro, o que tem interferido diretamente na cobrança agressiva das metas e adoecimento de vários trabalhadores.
O banco respondeu que as alavancas são itens de produção e negou mudanças recentes.
Os bancários discordam, exemplificando itens como NPS (pesquisa de satisfação) e Engajamento (registro de contato com clientes), que não estão nas metas individuais dos gerentes 1 e Premium no segmento Uniclass. Porém, são cobrados como se estivessem, gerando sanções caso não sejam cumpridas.
Erro no cálculo de contratações de empréstimo
O Sindicato destacou um erro no cálculo das contratações de empréstimos em julho.
O banco admitiu o erro e afirmou que não descontará os valores do resultado mensal, mas irá fazê-lo no resultado semestral. Isso irá penalizar os trabalhadores, pois o comunicado chegou no último dia útil de trabalho de 2023, impossibilitando a reversão dos resultados que foram diminuídos. Quem pagou a conta do erro foram os bancários.
Falta de transparência no acompanhamento semestral
O Sindicato também questionou a frequência com que os resultados das premiações Dobra Aí (impulsionamento de comissões) e Viagem (viagens internacionais com despesas pagas pelo banco) são divulgados, pois os bancários que não planilham por conta própria suas produções não conseguem contestar os resultados apresentados, uma vez que o prazo de contestação é bem menor do que a atualização dos resultados parciais do acompanhamento das premiações.
O banco discordou da afirmação, alegando que os relatórios de produção estão disponíveis em D+2 nos sistemas GPS (acompanhamento) e Inovas (informações), além de relatórios mensais. Já os bancários afirmaram que a última atualização ocorreu em novembro de 2023, e a próxima está estimada para fevereiro de 2024 quando o resultado final será divulgado.
Falta de incentivo na leitura de regras
O Sindicato apontou a falta de treinamento do banco para gerentes de relacionamento e agentes de negócio, além de não haver incentivo dos gerentes gerais na leitura de regras. Muitos trabalhadores descobrem quais são os procedimentos corretos ao receberem sanções como feedbacks registrados e advertências.
O banco respondeu que existem cartilhas e manuais, mas que irão sugerir aos gestores que realizem conversas periódicas sobre as regras estabelecidas.
“Os problemas citados evidenciam desafios significativos nas negociações sobre metas, premiações e transparência. O Sindicato continuará buscando soluções e incentiva que os bancários continuem a nos procurar para apontar os problemas relacionados aos setores comerciais, tanto das agências físicas quanto nas digitais”, orienta Edegar Faria, dirigente do Sindicato e bancário do Itaú.
Além do Canal de Denúncias, que foi aperfeiçoado recentemente, o bancário pode entrar em contato com o Sindicato por telefone (11) 3188-5200, via chat, e-mail e WhatsApp.