Um vigilante da Embrasil Segurança cometeu suicídio dentro da agência do Itaú onde trabalhava, na Rua 7 de Abril, região central de São Paulo. O trabalhador, de 31 anos, chegou a ser levado para o Hospital das Clínicas com vida, mas não resistiu e faleceu na terça-feira 23. Ele deixa a esposa. O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região presta solidariedade à família da vítima e à categoria dos vigilantes.
As condições de trabalho cada vez mais degradantes enfrentadas pelos trabalhadores podem estar atrás do ato ocorrido dentro da agência bancária, avalia o secretário de Saúde do Sindicato, Carlos Damarindo.
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“Este não é um caso isolado, e é significativo que tenha ocorrido no local de trabalho. As condições de trabalho enfrentadas não só pelos vigilantes, mas também pelos bancários, estão se precarizando. A falta de investimento em segurança, as jornadas extenuantes, as metas cada vez maiores, as constantes ameaças de demissão ou perda de cargo, a falta de acompanhamento das empresas que testemunham e colaboram para esse sofrimento físico e mental cotidiano dos seus trabalhadores e o assédio moral. Esse cenário contribui para que essas tragédias ocorram”, afirma Damarindo.
O secretário-geral da Confedereção Nacional dos Vigilantes, Cláudio José de Oliveira, enumera as situações que levam ao aumento do estresse psicológico entre os vigilantes. Uma delas é o acúmulo de função e a pressão para que os empregados desempenhem várias ocupações, muitas vezes sem treinamento adequado, o que resulta em ameaça de demissão.
Mais especificamente no setor bancário, Oliveira aponta a constante ameaça de roubos em agências que contam com cada vez menos dispositivos de segurança, ou as ofensas e desrespeitos de clientes barrados nas portas de segurança. Segundo o dirigente, é comum vigilantes verem ignorados seus pedidos de transferência de agências onde foram desrespeitados.
Oliveira também enfatiza o atraso de salário, segundo ele, prática recorrente no setor. “Muitas empresas pagam salário com 30, 40 dias de atraso. O trabalhador depende do dinheiro para alimentar sua família e as empresas atrasam o salário alegando falta de pagamento do contratante, situação que é consequência direta da terceirização praticada no setor. Esse cenário colabora para que o trabalhador, sofrendo com estresse psicológico e com acesso a uma arma de fogo, perca o controle e acabe cometendo um ato extremo”, afirma o dirigente.
“Nós precisamos refletir mais sobre as condições de trabalho ideais e as que não queremos para os nossos colegas vigilantes, que travam uma batalha pela unificação nacional do salário e que lutam ao nosso lado para que o estatuto da segurança bancária, atualmente parado no Congresso Nacional, seja atualizado”, afirma Damarindo.