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Chapéu
Segue o golpe!

Nova ministra do Trabalho votou contra trabalhadores

Linha fina
Filha e herdeira política do delator Roberto Jefferson, a deputada federal Cristiane Brasil apoiou o impeachment da presidente eleita Dilma Rousseff e votou contra abertura de investigação de Michel Temer
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Foto: Gilmar Felix / Câmara dos Deputados

São Paulo – A deputada federal Cristiane Brasil (PTB-RJ), anunciada na quarta-feira 3 ministra do Trabalho em substituição a Ronaldo Nogueira, votou a favor da reforma trabalhista, pelo impeachment da presidente eleita Dilma Rousseff e contra abertura de investigação de Michel Temer.

Filha e herdeira política do delator Roberto Jefferson, Cristiane foi eleita em 2014 defendendo o legado do pai, condenado e preso no episódio do “mensalão” – ele alega ter sido vítima de uma injustiça ao denunciar para a imprensa o escândalo político.  

Cristiane foi apontada em delação premiada como beneficiária de R$ 200 mil em caixa dois para sua campanha a vereadora em 2012. O executivo Leandro Andrade, um dos delatores da Odebrecht na Operação Lava Jato, disse que a deputada recebeu pessoalmente dele a quantia a pedido da campanha do então prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB). O repasse, ainda de acordo com Andrade, foi solicitado pelo deputado Pedro Paulo (PMDB-RJ), coordenador da campanha à reeleição de Paes naquela ocasião. Ela nega as acusações.

Em 2015, em seu primeiro ano na Câmara como deputada, a nova ministra do Trabalho propôs aprovar um código de vestimenta para banir minissaias e decotes mais ousados dos corredores e salões da Casa.

Já no ano seguinte, 2016, quando presidente do PTB, um dos últimos atos de Cristiane à frente da sigla foi justamente fechar a questão a favor do impeachment da então presidenta Dilma Rousseff. Na ocasião, ela usou o símbolo dos favoráveis à saída da presidente eleita, a camisa da seleção brasileira, para declarar seu voto. No discurso, lembrou a cassação do mandado do pai, 11 anos antes, e votou pelo afastamento de Dilma em "homenagem" a Roberto Jefferson.

No ano passado, a nova ministra do Trabalho apoiou o governo Temer em questões decisivas, como a PEC do teto dos gastos públicos – que congelou investimentos em saúde e educação públicas por 20 anos – e a terceirização para todas as atividades. Votou também a favor da reforma trabalhista e contra a abertura de investigação de Temer, que poderia afastá-lo da presidência da República.

Ainda em 2017, Cristiane foi contra Projeto de Lei 5069/2013, que criaria uma série de dificuldades para mulheres vítimas de estupro serem submetidas legalmente a um aborto.

Suplente é irmão de Garotinho – Com a ida para o ministério do Trabalho, Cristiane deixou aberta sua vaga na Câmara, que será ocupada pelo suplente Nelson Nahin (PSD-RJ), irmão do ex-governador do Rio de Janeiro Anthony Garotinho. A exemplo de Garotinho, preso no fim do ano passado por crimes eleitorais, Nahin também é ex-presidiário.

O suplente foi preso com outras 12 pessoas, em junho de 2016, numa ação da Polícia Civil e do Ministério Público sob a acusação de participar de uma rede de exploração sexual de crianças e adolescentes em Campos de Goytacazes (RJ).

Como suplente, na atual legislatura, Nahin já assumiu mandato de deputado federal por duas vezes, em dezembro de 2015, por apenas um dia, e em janeiro de 2017, por cerca de duas semanas. 

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