São Paulo – O ano de 2017 foi de bastante luta para os bancários também na área da saúde. A categoria é uma das que mais sofre com níveis elevados de adoecimento em grande parte ocasionado pela cobrança de metas abusivas e pelo assédio moral.
A ansiedade é a segunda maior causa de afastamentos no INSS e atinge os trabalhadores causando transtornos mentais e comportamentais. Também a Síndrome de Burnout é, infelizmente, outra doença já bem conhecida pelos bancários.
O Sindicato mantém uma secretaria específica para tratar das questões de saúde da categoria. E parcerias para melhor lidar com os problemas e atuar na prevenção de novos casos.
Uma delas é com o Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (CRST). No ano passado, 341 bancários foram encaminhados para uma das seis unidades na cidade de São Paulo. E lá conseguiram a comprovação do nexo-causal (que comprova a relação do adoecimento com o serviço realizado pelo bancário) e acesso ao auxílio-acidentário.
O secretário de Saúde do Sindicato, Carlos Damarindo, reforça a importância dessa parceria. “O Sindicato tem plenas condições de atender e emitir a CAT caso o bancário necessite, mas preferimos valorizar os profissionais especializados e legitimar os acompanhamentos por completo dos casos. E isso nós encontramos nos CRSTs principalmente agora que podemos contar com bancários representando esses trabalhadores”, diz.
PUC – Outro método com bons resultados para a categoria vieram por meio do projeto Encontros de Saúde em parceria com a PUC-SP (Pontifícia Universidade Católica). Segundo Damarindo, as psicólogas conseguem entender o sentimento de culpabilidade que os bancos causam nos trabalhadores, principalmente naqueles que sofrem de transtornos mentais e LER/Dort, proporcionando melhora nas condições de vida pós-banco. Esse projeto existe desde 2008 e centenas de bancários já foram atendidos.
Assuma o Controle – Damarindo reforça que a atuação do Sindicato vai no sentido de alterar essa dura realidade de más condições de trabalho nos bancos. E lembra da importância da participação dos bancários nessa luta por meio do canal de denúncias Assuma o Controle. As queixas são levadas a discussão com os bancos, sempre mantendo sigilo absoluto sobre a identidade do bancário.
“É preciso que o trabalhador acredite no Sindicato. Só nós temos a representatividade deles e podemos resolver os problemas no ambiente de trabalho. Não confiem nos canais do banco: há muitos casos em que eles não mantiveram o sigilo e o trabalhador foi prejudicado”, conta, ressaltando que a luta da categoria é permanente. “Tivemos um ano difícil, sofremos muitos ataques que continuarão com as mudanças impostas pela reforma trabalhista do governo Temer, o que poderá contribuir ainda mais para o adoecimento do trabalhador. Para fortalecer a nossa luta e fortalecer o Sindicato é preciso que mais trabalhadores venham para o Sindicato, sindicalize-se.”
O contato com a Secretaria de Saúde pode ser feito pessoalmente, na sede do Sindicato (Rua São Bento 413, Centro) ou pelo 3188-5200.
> Saiba os principais problemas que a reforma trabalhista traz para os bancários
Contra o desmonte – E como se não bastasse o combate aos problemas de saúde causados pelos bancos, o Sindicato, por meio da Secretaria de Saúde, teve de ampliar a luta por conta do desmonte promovido pelos governos federal e municipal. Teve, ainda, uma forte atuação contra os cortes na rede pública como a proposta de fechamento de farmácias do SUS pela prefeitura de São Paulo; a aprovação da PEC 55, que congela os investimentos públicos em saúde e educação pelos próximos 20 anos; a reforma da Previdência do governo Temer e a extinção dos financiamentos das unidades próprias do programa Farmácia Popular.
Em defesa da Saúde do Trabalhador – Também em 2017 a secretaria participou de um importante congresso organizado pela Comissão Intersetorial de Saúde do Trabalhador (Cist), no qual foi debatida a agenda de retirada de direitos promovida pelo governo Temer entre elas a edição de Medida Provisória 739, que dificulta a concessão de auxílios doença e acidentário e determina a convocação de milhões de pensionistas para novas perícias. A Medida Provisória foi reeditada em janeiro do ano passado e virou lei (13.457) em junho. A meta era cancelar pelo menos 80% dos auxílios-doença e aposentadorias por invalidez.
Justiça – Em 2017, em audiência judicial, o Ministério Público do Trabalho (MPT) reconheceu a competência do Sindicato para solicitar o que foi determinado em sentença contra o Itaú, obrigando o banco a emitir CAT a todos os bancários com LER/DORT ou suspeita, não recusar ou questionar atestado médico, emitido por médico particular ou da rede pública além de não demitir trabalhadores com a doença. A decisão é válida em todo o país saiu em 2016 e foi confirmada em 2017.
Presenteísmo – Em pesquisa realizada pelo Sindicato entre abril de 2016 e abril deste ano, com 4.848 bancários, 47,21% dos entrevistados afirmaram que já trabalharam doentes, o chamado presenteísmo. A pesquisa identificou também que 39% dos entrevistados já foram acometidos por doenças relacionadas ao trabalho. Sobre o tempo de afastamento, 56,43% disseram que não ficaram afastados do trabalho, 19,6% ficaram sem exercer suas atividades por até 15 dias e 15,28% por período superior.