Apenas nos nove primeiros dias de 2025 o Banco PAN já demitiu mais de 100 trabalhadores, principalmente consultores e gerentes de conta que operacionalizavam na área de consignado. O Sindicato dos Bancários de São Paulo identificou que outras áreas também foram atingidas.
Nesta quinta-feira 9 e entidade esteve presente no Edifício Burity, na zona sul, e no prédio da Avenida Paulista para protestar contra essas demissões. Embora o governo federal tenha alterado regras para o crédito consignado – justificativa utilizada pelo banco para demitir –, ainda assim o PAN tem apresentado lucro crescente no último período e, no entendimento da entidade, seria possível realocar esses trabalhadores para outras áreas, já que a instituição financeira tem demonstrado crescimento.
“Fica claro que a gestão do PAN tem apostado na rotatividade dos desligamentos e, quando chega no final do ano, já é uma rotina esses anúncios com uma quantidade ainda maior de desligamentos. Em janeiro de 2024 foi da mesma forma, e agora novamente em 2025”, protesta Lucimara Malaquias, secretária-geral do Sindicato.
“Começo do ano é um período com muitas contas chegando, é o momento em que as pessoas começam a planejar o ano, e os trabalhadores do PAN são surpreendidos com demissões. É muito ruim também para quem permanece no banco e tem de encarar um ambiente de trabalho altamente tóxico e adoecedor, porque a sensação de insegurança das pessoas é enorme. Ou seja, essa gestão aposta nas demissões e na rotatividade como uma ferramenta de gestão, o que é contraproducente. O histórico mostra que o empenho e a produtividade dos trabalhadores cai, haja vista que as suas condições emocionais e psicológicas estão completamente abaladas”, afirma a dirigente.
Sindicato propõe estratégias de gestão
O Sindicato dos Bancários de São Paulo tem conversado com o PAN objetivando estratégias de gestão no médio e no longo prazo. Neste sentido, propôs os seguintes pontos:
- Reduzir drasticamente a rotatividade, que se tornou rotina;
- Que o banco fizesse o pagamento de um salário e uma cesta-alimentação a mais para esses trabalhadores, e que tentasse realocar o maior número de pessoas possível;
- Que o banco trouxesse para o Sindicato a homologação e a Comissão de Conciliação Voluntária (CCV).
Dessas reivindicações, o PAN se comprometeu a pagar uma cesta-alimentação a mais para os trabalhadores desligados e disponibilizou acesso gratuito à plataforma virtual de cursos Alura.
A CCV está em processo de negociação com o Sindicato, mas o banco ainda não se posicionou em relação à homologação, e se negou a realocar os trabalhadores e a fazer o pagamento de um salário a mais – a entidade entende que esta medida amenizaria o impacto da demissão na vida desses trabalhadores.
Clima de desolação e desespero
Na atividade realizada nesta quinta-feira 9 os representantes do Sindicato conversaram com diversos trabalhadores demitidos que saiam do prédio chorando, principalmente no Burity, onde o contingente de desligamentos foi maior.
Os trabalhadores sáiam em clima de desolação. E para aqueles que ainda continuaram empregados, o clima era de total desespero por não saberem se estariam ou não na lista de demissões.
“O PAN tem se consolidado no mercado financeiro, é uma instituição respeitável, tem apresentado bons números, mas isso não tem se refletido na política de pessoas, o que é contraproducente. Os clientes do PAN certamente sentem na qualidade e na eficiência do atendimento o reflexo direto dessa troca de funcionários o tempo todo”, afirma Lucimara.
“Por isto o Sindicato reivindica que em 2025 sejam estabelecidas condições melhores de negociação, e que o banco adote uma estratégia com mais previsibilidade, com mais planejamento de contratações e demissões, porque nós também conversamos com alguns demitidos que foram contratados há apenas quatro meses, ou seja, é uma contratação recente e o banco na sequência já está demitindo. Isso não é bom para ninguém”, acrescenta.
Sindicato está com os trabalhadores
Durante os protestos desta quinta-feira 9, o Sindicato passou duas mensagens: a entidade está com os trabalhadores, que devem procura-la e trazer os papéis da rescisão para o cálculo das verbas rescisórias. Se houver algum erro no pagamento, o Sindicato entrará em contato com o PAN. Se houver casos de doenças pré-existentes ou algum tipo de estabilidade, o Sindicato também acionará o banco.
Além disso, o Sindicato quer identificar quais áreas e cargos foram afetados e qual o período de contrato de trabalho dos demitidos no banco – Isso pode municiar futuras negociações.
O outro recado do Sindicato é que o Banco PAN precisa urgentemente adotar uma política de recursos humanos mais consolidada e humanizada, que preze pelas pessoas.
“Porque não se convence que uma medida na política do consignado afete diretamente, nessa intensidade e de forma tão rápida um produto com juros historicamente escandalosos. Não é uma redução proposta pelo Governo Federal, como uma questão de justiça social, que atingiria de forma tão direta e tão intensa o resultado do PAN. Este argumento é frágil e não se sustenta”, afirma Lucimara Malaquias.