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Trabalhadores do Itaú que atuam em regime “full remote” (100% remoto) têm procurado o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região para esclarecer dúvidas sobre um aditivo contratual recentemente enviado pelo banco. O documento prevê a possibilidade de retorno ao modelo presencial, mediante comunicação prévia e um prazo de transição de pelo menos 15 dias.
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A cláusula 7ª do aditivo estabelece que a alteração do regime de trabalho pode ser determinada unilateralmente pelo empregador, sem necessidade de negociação com o funcionário. Além disso, a empresa não arcará com custos decorrentes da mudança, como deslocamento e acomodação. Para empregados que trabalham remotamente em outro estado, o aditivo prevê um prazo de transição de 30 dias, caso a mudança implique alteração de domicílio.
A produtividade no modelo remoto
Tem crescido o debate sobre o impacto do trabalho remoto na produtividade. O relatório Pulse of the Profession 2024, realizado pelo Project Management Institute (PMI), aponta que a modalidade remota não prejudica a eficiência no trabalho. Os dados indicam que 73,2% dos empregados são eficientes no regime remoto, enquanto o modelo híbrido registra 73,4% e o presencial, 74,6%.
Um dos argumentos apresentados para o retorno ao trabalho presencial é a necessidade de preservar a cultura organizacional e melhorar o monitoramento da produtividade.
“A cultura de uma empresa não se sustenta pelo espaço físico, mas sim pelos seus valores, políticas e comunicação interna. Grandes companhias ao redor do mundo já demonstraram que é possível manter uma identidade organizacional forte em modelos híbridos e remotos. Se a ‘cultura’ depende da vigilância presencial, isso pode indicar um problema estrutural de liderança, e não de regime de trabalho”, afirma Camila Rodrigues, dirigente sindical e bancária do Itaú.
Camila também questiona a relação entre produtividade e presença física. “Durante a pandemia, as empresas confiaram nos trabalhadores para se organizarem remotamente e entregarem resultados. Se a produtividade foi mantida ou até aumentou nesse período, por que agora essa confiança desaparece? O discurso da flexibilidade e inovação parece valer apenas quando beneficia os empregadores.”
A falta de suporte financeiro para aqueles que precisariam retornar ao presencial reforça que a decisão atende aos interesses da gestão, e não dos trabalhadores. Muitos funcionários reorganizaram suas vidas para trabalhar remotamente, inclusive tendo sido contratados em outras cidades e estados. Impor o retorno sem arcar com os custos dessa mudança evidencia que a decisão não considera os impactos reais sobre os trabalhadores.
O Sindicato seguirá acompanhando o tema e discutindo formas de garantir previsibilidade e o bem-estar dos bancários afetados.
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