Pular para o conteúdo principal

ONU vê "epidemia" de violência contra mulher

Linha fina
Segundo dados da ONU Mulheres, até 70% das mulheres em alguns países enfrentam agressões
Imagem Destaque

São Paulo - De acordo com a Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o Empoderamento das Mulheres (ONU Mulheres), até 70% das mulheres em alguns países enfrentam violência física e/ou sexual em sua vida.

A informação foi apresentada durante a abertura da sessão anual da comissão das Nações Unidas com foco nas mulheres, na segunda 4.

Em países como Austrália, Canadá, Israel, África do Sul e Estados Unidos, a violência de um parceiro íntimo representa de 40% a 70% das vítimas de assassinato do sexo feminino. Além disso, cerca de 140 milhões de meninas sofrem mutilação genital e outras milhões são submetidas a casamentos forçados e tráfico.

“Acabar com a violência contra as mulheres é uma questão de vida e morte”, disse o Vice-Secretário-Geral, Jan Eliasson, durante abertura da sessão de duas semanas da Comissão sobre o Status da Mulher, em Nova York. “O problema permeia todos os países, mesmo nas regiões mais estáveis e desenvolvidas.”

Eliasson ressaltou que são necessárias múltiplas abordagens para resolver esta questão, desde governos implementando políticas para capacitar as vítimas e perseguir penalmente os agressores, até a criação de uma cultura em que os estereótipos de gênero sejam quebrados ao incentivar os homens e meninos a tomar uma parte equitativa das responsabilidades em sua casa e famílias.

“A violência contra a mulher permeia tanto zonas de guerra quanto comunidades estáveis, tanto capitais quanto zonas rurais, tanto espaços públicos como a esfera privada”, disse Eliasson. “Uma vez que é uma característica inaceitável da vida diária, temos de responder em todos os lugares e em todos os níveis.”

A Diretora Executiva da ONU Mulheres, Michelle Bachelet, disse à Comissão que “o mundo não pode mais arcar com os custos da violência contra as mulheres e meninas, os custos sociais e econômicos e os custos da profunda dor humana e do sofrimento”.

Bachelet apontou vários incidentes que ocorreram durante o ano passado em todo o mundo contra as mulheres e meninas que provocaram enormes protestos públicos, e ressaltou que é mais urgente do que nunca para os governos agir sobre esta questão.

Casos marcantes - “Ao longo dos últimos meses, as mulheres, os homens e os jovens foram às ruas com cartazes que diziam ‘Onde está a justiça?’ Eles declararam solidariedade com uma menina paquistanesa atingida por defender o direito à educação. Eles exigiram justiça por uma jovem mulher na Índia e outra na África do Sul que foram brutalmente estupradas e mortas. Eles exigiram o fim dos casos intermináveis de estupro e violência que ameaçam a vida de inúmeras mulheres e meninas em todos os países, mas nunca fazem as manchetes.”

Bachelet disse que, embora tenha havido progressos nas últimas décadas no estabelecimento de normas e padrões internacionais para proteger as mulheres contra a violência, a questão continua a ser generalizada e a impunidade ainda é a norma, e não a exceção.

A Presidente da Comissão, a Embaixadora da Libéria Marjon V. Kamara, disse que, durante a sua sessão de duas semanas, a Comissão irá examinar formas mais eficazes para a prevenção da violência contra mulheres e meninas e assegurar que sejam tomadas medidas no terreno para criar uma mudança real na vida das mulheres.

“Nos reunimos aqui com um mandato claro: criar um mundo onde a igualdade de gênero nunca está em questão e a discriminação e a violência contra as mulheres e meninas são uma coisa do passado”, disse ela.


ONU Brasil, com edição da Redação - 11/3/2013

seja socio