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Chapéu
Crime brutal

Marielle presente! Atos em SP e outras capitais exigem justiça

Linha fina
Vereadora do Psol, no Rio de Janeiro, voltava de evento sobre ativismo de mulheres negras quando seu carro foi emparelhado por outro de onde dispararam nove tiros; motorista também morreu. Quatro dias antes, Marielle tinha denunciado assassinato de jovens negros pela PM, na favela do Acarí
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Foto: Reprodução

São Paulo – O assassinato da vereadora do Psol no Rio de Janeiro Marielle Franco, ocorrido na noite da quarta-feira 14, no bairro do Estácio, centro da cidade, será lembrado em protesto nesta quinta 15, na Avenida Paulista.

Pelas redes sociais, o Psol SP, que organiza o Ato Contra o Genocídio Negro, Marielle Presente!, convoca todos para o vão livre do Masp, a partir das 17h: “O PSOL SP está em choque com a notícia do assassinato da companheira Marielle Franco. Uma das vereadoras cariocas mais votadas, eleita em 2016, mulher, negra, moradora de favela, ativista dos Direitos Humanos, orgulho do PSOL. Lamentamos também a morte do camarada Anderson Pedro Gomes, que estava dirigindo o carro que foi brutalmente atacado. Transformaremos o luto em luta. Exigiremos justiça.” Outras manifestações ocorrerão no Rio e demais cidades do país (confira abaixo).

O crime teve repercussão internacional, nos principais jornais do mundo. Veículos de Estados Unidos, Reino Unido, Portugal, Peru, Venezuela destacaram a morte da parlamentar e sua biografia.

A Organização das Nações Unidas (ONU) no Brasil manifestou consternação com o assassinato da defensora dos direitos humanos. Em nota, a entidade diz que espera rigor na investigação do caso e breve elucidação, com responsabilização pela autoria do crime: "Marielle era um dos marcos da renovação da participação política das mulheres, diferenciando-se pelo caráter progressista em assuntos sociais no contexto da responsabilidade do Poder Legislativo local".

Trajetória de luta – Quinta vereadora mais votada da cidade do Rio em 2016, a ativista feminista, negra e liderança na favela da Maré, onde cresceu, Marielle Franco, foi morta a tiros no bairro do Estácio, região central, por volta das 9h da noite. Ela estava dentro de um carro acompanhada de um motorista, que também foi morto, e de uma assessora, que sobreviveu. Quatro dos nove tiros dirigidos contra a vereadora atingiram sua cabeça.

A parlamentar voltava do evento Jovens Negras Movendo as Estruturas, na Lapa, quando teve o carro emparelhado por outro veículo. Nenhum sinal de assalto, mas indícios claros de execução. 

Em artigo no site da Piauí, o jornalista José Roberto de Toledo destaca: “A trajetória que percorreram [as balas] sugere que o atirador estava ao lado direito e atrás do Agile [carro em que a vereadora estava]. Se Marielle estivesse no centro do mostrador de um relógio, o ponteiro indicaria que o assassino ficou entre as marcas das quatro e das cinco horas. Não é a posição de quem anuncia um assalto, talvez a de alguém que planeja uma execução. Nada foi roubado”.

Quatro dias antes, Marielle havia denunciado o assassinato de dois jovens e a truculência policial durante operações na Favela de Acari, na zona norte do Rio na última semana. Ela compartilhou uma publicação no Facebook e comentou que o batalhão que atua na região é conhecido como “batalhão da morte”. Escreveu: “Precisamos gritar para que todos saibam o está acontecendo em Acari nesse momento. O 41° Batalhão da Polícia Militar do Rio de Janeiro está aterrorizando e violentando moradores de Acari. Nessa semana dois jovens foram mortos e jogados em um valão. Hoje a polícia andou pelas ruas ameaçando os moradores. Acontece desde sempre e com a intervenção ficou ainda pior”.

Militância – Na Piauí, Toledo lembra que Marielle se tornou militante e liderança política em uma das maiores comunidades pobres do Rio, a Maré, onde moram 130 mil pessoas. “Usava o mandato para denunciar a violência policial e para cuidar dos interesses e preocupações de mulheres negras como ela. Eleita pelo PSOL, a socióloga pós-graduada em administração pública acabara de ser nomeada relatora da comissão da Câmara Municipal que deveria fiscalizar a intervenção militar na segurança do estado do Rio. Não teve chance de cumprir a missão.”

Marielle estava no primeiro mandato como parlamentar. Tinha 38 anos. Era socióloga, com mestrado em Administração Pública. Foi a luta contra a violência policial nas favelas que a aproximou da política. Foi aluna e depois assessora de Marcelo Freixo (Psol), na Assembleia Legislativa do Rio.

Intervenção militar – A vereadora era uma das vozes mais duras contra a intervenção militar no Rio de Janeiro, decretada por Temer. Há duas semanas, havia assumido a relatoria da Comissão da Câmara de Vereadores do Rio, criada para acompanhar a intervenção federal na segurança pública do estado.

No Facebook, o jornalista Camilo Vanucchi lembrou que horas antes da execução de Marielle, durante a posse como comandante-geral da PM-RJ do ex-Bope coronel Luís Cláudio Laviano, o secretário de segurança pública do Rio de Janeiro, general Richard Nunes discursou: "Temos que entender que a intervenção federal deve ser uma janela de oportunidade. Oportunidade de nós, efetivamente, termos um futuro melhor".

No Twitter, artistas, políticos, intelectuais e ativistas prestaram solidariedade após a morte de Marielle. Veja algumas manifestações: 

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