No mesmo dia em que os empregados da Caixa se mobilizaram em todo o país para defender o caráter 100% público do banco, protestando contra o desmonte e o fatiamento em curso, o presidente da instituição, Pedro Guimarães, conhecido pelos empregados como Lobo de Wall Street, resolveu tentar contrapor os trabalhadores ao afirmar, durante palestra na Fundação Getúlio Vargas (FGV), no Rio de Janeiro, que as operações de abertura de capital de subsidiárias do banco público "serão históricas”.
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O presidente da Caixa disse que aproveitou o carnaval para manter contato com investidores e declarou que “no exterior, as pessoas estão falando que as operações já estão compradas". Segundo Pedro, a primeira operação, envolvendo a Caixa Seguridade, está prevista para setembro.
“Hoje, mesmo dia em que estivemos em locais de trabalho de todo o Brasil em defesa da Caixa 100% pública, foi o dia extraoficial de todos os entreguistas manifestarem suas reais intenções. O presidente do BB afirmou que o banco estaria melhor nas mãos da iniciativa privada e o presidente da Petrobras declarou que a privatização da empresa seria `o sonho´. Pedro - célebre privatista, que participou da privatização do Banespa, Banerj e Banestado - não poderia ficar de fora dessa verdadeira feira livre do patrimônio brasileiro. Resolveu comemorar em público e desavergonhadamente o desmonte da Caixa”, critica o diretor do Sindicato e coordenador da CEE/Caixa, Dionísio Reis.
Segundo o Datafolha, 60% dos brasileiros rejeitam as privatizações.
O diretor do Sindicato alerta que, antes da abertura de capital da Caixa Seguridade, esperada por Pedro para setembro, está previsto para 26 de março o leilão da Lotex, parte mais lucrativa das loterias da Caixa. “Mais uma vez estaremos mobilizados para evitar essa verdadeira entrega do patrimônio dos brasileiros”.
“Não tem sentido enfraquecer, fatiar, reduzir ou privatizar a Caixa. O banco público, além de lucrativo, é responsável sozinho por 90% do financiamento da moradia popular e por 40% da poupança. Com suas 4,2 mil agências, que atendem R$ 84,1 milhões de correntistas e poupadores, a Caixa chega a lugares nos quais os privados não tem interesse em atuar. Além disso, no último ano os repasses sociais da Caixa transferiram R$ 5,2 bilhões para programas sociais nas áreas de seguridade social, esporte, cultura, segurança pública, educação e saúde. Isso sem falar na operação do Bolsa Família”, explica Dionísio.
Segundo avaliação do Departamento Intersindical de Estatística e Estudo Socioeconômicos (Dieese), apenas na área de asset (gestão de ativos), a Caixa obteve crescimento expressivo nos últimos anos, superando o patamar de R$ 1,8 bilhão, em 2017, e com previsão de mais de R$ 2,1 bilhões, em 2018. Receita importante também foi observada no segmento de cartões, com números superiores a R$ 2 bilhões anuais nos últimos cinco anos. O montante estimado para 2018 supera R$ 2,1 bilhões, com variação em torno de 2,8% em relação a 2017. Essas são as áreas que a nova diretoria pretende entregar ao mercado.
“Os empregados estão mobilizados, a sociedade é contra a privatização, e o recado para Pedro e o governo federal é um só. Não aceitaremos ataques aos nossos direitos e nem à Caixa 100% Pública. Se concretizados os objetivos dessa direção, perdemos nós, os empregados, e também perdem a população e o país. Não permitiremos! A Caixa é do povo! A Caixa não se vende!”, conclui Dionísio.