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Chapéu
Não nos calaremos

No Dia Internacional de Combate à Discriminação Racial, a luta é contra qualquer tipo de exclusão

Linha fina
Mesmo com data reconhecida desde 1960 pela ONU, casos recentes mostram que ainda é preciso muita mobilização da sociedade para avançar
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Foto: Reprodução

O 21 de Março, Dia Internacional de Combate a Discriminação Racial será marcado mais uma vez pela luta contra o preconceito e também pela busca de igualdade de oportunidades do povo negro. A data foi instituída pela Organização das Nações Unidas (ONU) em 1960, em memória ao violento massacre ocorrido na cidade de Shaperville, quando estudantes africanos protestaram contra o regime do Apartheid, há 59 anos. 

“Hoje é um dia de reflexão. Mesmo lutando há anos, percebemos que o racismo ainda continua presente nos dias de hoje”, diz Fernanda de Paula, presidenta da União de Negros pela Igualdade na cidade de São Paulo (Unegro/SP).  

Fernanda comenta, com repúdio e tristeza, três casos recentes de discriminação e violência ocorridos somente nos três primeiros meses de 2019. Foram lembrados o assassinato de Pedro Gonzaga, jovem negro morto em um supermercado Extra, no Rio de Janeiro; a ação do Shopping Higienópolis, que entrou na Justiça para apreender jovens em situação de rua que se aproximassem do local, em São Paulo; e a pomposa festa da ex-editora da Revista Vogue, que contratou modelos negros vestidos de escravos, como parte da festa temática de aniversário realizada em Salvador, na Bahia.

“Eles sempre dão desculpas e negam reconhecer que as atitudes são racistas. Mas se observarmos, as vítimas são sempre pessoas negras. Isso não é coincidência. É racismo! Por isso, este dia tem que ser de reflexão e aprimoramento das ações afirmativas e fortalecedoras do povo negro para tentar minimizar essa herança que permite a discriminação”.

Fernada ainda faz questão de destacar o trabalho da Unegro/SP, realizado há mais de 30 anos e ressalta a tentativa de desqualificação do governo estadual desde então. 

“Eles não colaboram e não querem reconhecer o nosso fortalecimento e isso, acontece agora também na esfera federal. Tentarão nos desqualificar e nos excluir das políticas públicas sociais, educacionais e habitacionais. E o nosso desafio é continuar trabalhando de forma mais efetiva e acirrada no combate à discriminação racional no Brasil”, finaliza.

Negros no mercado de trabalho

A dirigente sindical Ana Marta de Lima, coordenadora do coletivo de Combate ao Racismo do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, comenta que este é um bom momento para cobrar o fim da discriminação também no setor bancário. E critica a baixa contratação de negros nos bancos, que poderá ser comprovada com a realização do novo Censo da Diversidade Bancária.

> Censo da Diversidade Bancária será atualizado 

“O objetivo é que o Censo trace não apenas um perfil da categoria, mas seja aplicado como um instrumento de transformação contra a violência e a discriminação que se perpetuam na sociedade e também, muitas vezes, são constatadas no setor bancário. Além de os negros corresponderem a apenas 3,4% da categoria, as bancárias negras chegam a ganhar em média 26% menos que os bancários brancos, têm menos promoções ao longo da carreira e, em sua maioria, estão nas retaguardas ou nas funções onde se paga menos. Isso é um absurdo! Por isso, essa é uma antiga reivindicação do movimento sindical e cobraremos mais contratações e oportunidades após o novo Censo”.

A secretária-geral do Sindicato, Neiva Ribeiro lembra que o combate à desigualdade social está sempre presente nas pautas do Sindicato. 

“Durante todo ano, realizamos ações para combater o racismo. Durante todo o mês de março, ações para combater o machismo e promover a equidade de gênero. E o dia 21 é um dia de discussão mundial, para voltarmos a reforçar que as desigualdades sociais em nosso país estão estruturadas e calçadas nas desigualdades de classe, gênero e raça. E é nosso papel discutir e desconstruir isso, para construir uma sociedade diferente e melhor”, finaliza.

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