Pesquisa divulgada na quinta-feira 5, mostra que no Brasil houve um aumento de 7,3% nos casos de feminicídio, em comparação com 2018. Os dados são do Núcleo de Estudos da Violência da USP e o Fórum Brasileiro de Segurança Pública.
A pesquisa revela ainda que somente em 2019, 1.314 mulheres foram mortas pelo simples fato de serem mulheres e que uma a cada 7 horas entrou para a triste estatística.
Esses números acendem um alerta justamente por serem divulgados dias antes do dia 8 de Março, quando se celebra o Dia Internacional da Mulher.
Vários protestos já estavam marcados no Brasil em defesa da democracia, da educação, da saúde, dos empregos, pelo fim do feminicídio e por políticas sociais.
Em São Paulo, a concentração será a partir das 14h, na Avenida Paulista 1853, em frente ao Parque Mário Covas (a duas quadras do Masp). Mas dirigentes sindicais bancárias e de outras categorias se reunirão um pouco antes, às 13h, no Espaço Cultural Lélia Abramo (Rua Carlos Sampaio, 305, ao lado da estação Brigadeiro do metrô), que fica na Regional Paulista do Sindicato.
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A dirigente sindical Silmara Antônia da Silva diz que por conta da atual política do governo, que reduziu investimentos para políticas públicas e zerou repasses para o combate a violência, aumentou o risco de morte de mais mulheres, que já enfrentam machismo, dupla jornada, salários menores, empregos precários e informalidade.
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“Há uma necessidade urgente de mudanças culturais e cumprimento das leis, para criar uma conscientização coletiva sobre os casos de violência contra a mulher no Brasil. Porque sem políticas públicas e com o fim dos repasses, as mulheres se tornaram ainda mais vulneráveis para serem agredidas. Infelizmente, a violência contra a mulher está naturalizada e é urgente mudar isso.”, comenta a dirigente.
Segundo a secretária da Mulher da Contraf-CUT, Elaine Cutis, esse é o segundo ano seguido em que o número de mulheres vítimas de feminicídios cresce no país. Em 2019, houve uma alta de 12% nos feminicídios. E ela acredita que infelizmente, esse número tende a aumentar. “Temos um governo que promove discursos machistas dando assim o direito de qualquer homem se achar no direito de ser agressor”, critica.
Violência em São Paulo
A pesquisa Viver em São Paulo: Mulher, realizada pela Rede Nossa São Paulo em parceria com o Ibope Inteligência, revelou na quarta-feira 4, que das 463 pessoas entrevistadas, 63% das paulistanas afirmaram terem sido vítimas de algum tipo de assédio.
A pesquisa conclui também que o transporte público permanece como o local em que as mulheres sentem maior risco de sofrer algum tipo de assédio (46%); seguido de rua (24%). Em outro patamar, bares e casas noturnas são citados por 8% das mulheres; pontos de ônibus por 7%; trabalho por 5%; transporte particular (como táxi, Uber, Cabify, Easy e 99) por 3%; e ambiente familiar, também, por 3%.
Bancárias contra a violência
Na contramão do governo que reduziu as políticas de enfrentamento à violência, o Sindicato lançou um projeto no final de 2019 para as bancárias que precisam de orientação específica. Os atendimentos ocorrem na sede, somente com agendamento prévio, que podem ser realizados via Central de Atendimento.
Além disso, por meio do Coletivo Nacional das Mulheres da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), foi apresentado à Fenaban, uma proposta de criação do canal de atendimento às bancárias vítimas de violência, que é uma das principais bandeiras de luta para o Dia Internacional da Mulher.
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Segundo Silmara Antônia da Silva, esse canal de atendimento às bancárias vítimas de violência é uma iniciativa que dará apoio a muitas trabalhadoras que sofrem caladas e pode ajudar a romper o ciclo da violência doméstica.
“A nossa expectativa é que a Fenaban possa dar continuidade nas discussões que já foram iniciadas na mesa de Igualdade de Oportunidades e tornar essa proposta uma realidade dentro dos bancos, o que será fundamental para dar a proteção e o respeito que precisam, além de manter o respeito no ambiente de trabalho”.
No próximo dia 11, o Comando Nacional estará reunido para concluir a negociação e, se possível, assinar o acordo. "Pesquisas apontam que, no Brasil, mulheres, vítimas de violência, costumam se ausentar em média 18 dias para tratar os danos decorrentes da situação. A ausência de uma política interna para lidar com o problema da violência doméstica leva alguns gestores dos bancos ao tratamento inadequado da situação. Por isso, acreditamos que esse canal será um importante instrumento para ajudar as vítimas e servirá como norte para orientar a equipe de trabalho a lidar com o assunto e evitar que a vítima sofra duas vezes", finaliza Elaine Cutis.
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