São Paulo – O Sindicato dos Metroviários de São Paulo denunciou que o Metrô, empresa administrada pelo governo de Geraldo Alckmin (PSDB), está exigindo que operadores de trem treinem supervisores da segurança para que estes conduzam as composições em dias de paralisação, como a greve geral programada para o dia 28, contra as reforma da Previdência e trabalhista, além da lei sobre terceirização sancionada no dia 31. “Fazer isso é colocar a população em risco. Vai treinar de forma precária pessoas que nunca lidam com a operação de trem, para atuar em dias complicados, sem toda a carga de instrução que a função exige”, afirmou o diretor da Federação Nacional dos Metroviários (Fenametro) Alex Santana.
Segundo Santana, os operadores de trem estão se recusando a fazer o treinamento e contam com o amparo do sindicato. “Querem fazer em 40 dias um treinamento que dura quatro meses. Estamos orientando os trabalhadores que eles não são obrigados a fazer isso e vamos denunciar essa prática”, explicou o metroviário. Atualmente, parte dos supervisores de estação e de tráfego já fazem a condução de trens em dias de greve, razão pela qual algumas estações abrem mesmo em dias de paralisação.
“Agora querem ampliar esse desvio de função incluindo os seguranças”, completou o diretor da Fenametro. A situação seria mais grave com essa função por serem profissionais que não têm nenhuma relação com a operação de trens no dia a dia. Na sexta-feira 7, o Metrô acionou a Polícia Militar (PM) contra os diretores do sindicato, alegando que eles estavam proibindo os operadores de tem de realizar a formação dos supervisores de segurança.
Ainda segundo Santana, como os operadores se negaram a cumprir a tarefa, o Metrô está determinando que supervisores operacionais deem o treinamento. “Isso é ainda mais absurdo, pois tais supervisores também têm treinamento precário e não têm experiência prática, pois só operam em condição de greve. A companhia está colocando gente que não tem conhecimento adequado pra ensinar pessoas que não são nem da mesma área”, protestou Santana.
Na paralisação do dia 15 de março, também em protesto contra as reformas, os metroviários cruzaram os braços por 24 horas. Mesmo assim, alguns trechos das linhas 1-Azul (Jabaquara–Tucuruvi), 2-Verde (Vila Madalena–Vila Prudente) e 3-Vermelha(Corinthians-Itaquera–Palmeiras-Barra Funda) entraram em operação. A contingência, como é chamada essa prática pelo Metrô, também é utilizada quando os metroviários realizam reivindicações específicas da categoria.
Na estrutura do Metrô, quem faz o treinamento dos novos operadores de trem são profissionais que já atuaram nessa função e são capacitados especificamente para isso. O treinamento dura quatro meses, sendo quase dois meses de treinamento teórico, um período de condução fora do horário comercial e outro período acompanhado por um operador na cabine. “Não aceitamos que o Metrô ponha em risco a população apenas para impedir o movimento de reivindicação dos trabalhadores”, concluiu Santana.
O Metrô não se manifestou até o fechamento da reportagem.