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Chapéu
62 mil

Bancos pressionam, mas bancários resistem e aderem à greve

Linha fina
Categoria de luta enfrenta ameaças de gestores e participa da mobilização que mantém São Paulo paralisada; qualquer tipo de pressão ou assédio devem ser denunciados ao Sindicato
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Foto: Jailton Garcia

São Paulo – Em meio a uma massiva greve geral contra a retirada de direitos que faz as ruas da quarta maior cidade do mundo parecer feriado em pleno dia útil, gestores de alguns bancos estariam sugerindo e em alguns casos ameaçando para que bancários procurem outras agências para trabalhar, caso a deles esteja fechada devido a paralisação. “Mandaram eu me virar para chegar ao trabalho”, denuncia uma trabalhadora do Itaú da região da Paulista. 

> História chama e bancários novamente dizem: presente!

Balanço feito pelo Sindicato mostra que 530 locais de trabalho, sendo 15 centros administrativos e outras agências paradas total ou parcialmente. Estima-se que mais de 62 mil trabalhadores participaram da paralisação.

 

 

Um terceirizado do banco lembrou a discriminação no local de trabalho. “Se não aparecermos para trabalhar, tomamos advertência. Eu gostaria de participar da greve, mas não somos tão organizados como os bancários.”

A frase remete a uma das razões para a greve geral que tomou conta de todo o Brasil nesta sexta-feira 28: a retirada de direitos via reformas trabalhista, da Previdência e a terceirização ilimitada, modus operandi do governo Temer, que ainda promove ataques aos bancos públicos e, por consequência, aos empregos bancários.

“Sei que a realidade dos terceirizados é precária, e por isso a mobilização é importante. Perder um dia de trabalho não é nada perto de perder direitos e garantias”, ressalta uma bancária do Bradesco no centro de São Paulo, que aderiu à paralisação.

Rua São Bento praticamente deserta por causa da greve geral

O Sindicato orientou que os bancários ficassem em casa ou voltassem pra casa assim que pudessem. “As ruas estão com riscos de ameaça de violência policial, bomba de gás lacrimogênio, e isso ameaça a própria integridade física dos bancários no deslocamento para o trabalho”, relata a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, que desde as primeiras horas do dia percorreu locais de trabalho em defesa do direito de greve da categoria. “É greve geral, todos precisam fazer sua parte, aderir para não perder direitos. Abusos, assédio para trabalhar ainda assim, devem ser denunciados ao Sindicato.” Entre em contato pelo 3188-5200 ou Assuma o Controle.

Logo no início da manhã, foram paralisadas as atividades em centenas de agências de São Paulo e Osasco e grandes concentrações bancárias como o Bradesco da Nova Central e Telebanco Itaú BBA, Itaú CAT, Vila Santander, Complexo São João e Super do BB, Caixa, além de agências nas regiões da Voluntários da Pátria, Faria Lima, Avenida Paulista, centro novo, centro velho, Praça da Sé, Silvio Romero, Tucuruvi, Berrini, dentre outras.

“Eu não fui trabalhar e concordo totalmente com a greve”, afirma um funcionário do Itaú lotado no Centro Administrativo Tatuapé onde trabalham mais de 5 mil bancários e que ficou totalmente paralisado. “Não é um movimento só dos bancários, é uma greve dos trabalhadores que atinge todos os segmentos da sociedade, e é importante porque nossos direitos estão em cheque por um governo ilegítimo que está implantando um projeto de governo que não foi eleito. E como é o andar de baixo que está pagando a conta, a gente tem que ir para a rua, lutar muito contra a terceirização, reforma trabalhista, da Previdência, e por um futuro melhor.”

Centro Administrativo Tatuapé, onde trabalham mais de 5 mil bancários, paralisado

A greve geral foi convocada pela CUT (Central Única dos Trabalhadores) e demais centrais sindicais em resistência aos diversos ataques feitos pelo governo Temer contra a classe trabalhadora. Dentre eles, a extinção da Previdência Social e da CLT, travestida nas reformas da Previdência e trabalhista, o desmonte dos bancos públicos e a terceirização generalizada.

Consciência – “A intenção da greve é correta porque ela provoca um debate. É o jeito que o trabalhador consegue se mostrar. O brasileiro ainda não tem essa consciência de greve geral, como tem em outros países. Greve é greve, nem deveria ter piquete. Quando fala que é greve, a pessoa tem que ficar em casa”, ensina um bancário do Santander Casa 1.

Daí a importância da mobilização nacional contra a retirada de direitos. Tanto a reforma trabalhista como a da Previdência ainda estão em votação. Deputados e senadores têm de perceber o tamanho da encrenca na qual vão se meter se aprovarem essa retirada de direitos contra os trabalhadores: nunca mais vão se eleger”, ressalta a presidenta do Sindicato.

Além de paralisar as atividades nesta sexta-feira e participar das mobilizações convocadas pelo Sindicato, os bancários devem enviar mensagens de protesto contra a retirada de direitos para deputados federais e senadores

Nos bancos públicos, que sofrem diversos ataques do governo Temer, a greve também se alastrou. “A minha agência está fechada, ninguém trabalhou”, relata um empregado de uma unidade da zona norte. “A greve está tendo uma boa adesão, estamos fazendo frente a essas atrocidades que estão nos impondo. A adesão dentro da Caixa foi bem forte, a maioria das agências da minha região fecharam. Acho que o nível de consciência está crescendo.”

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