Em artigo publicado na Rede Brasil Atual, o ex-ministro do Trabalho e da Previdência Social, Luiz Marinho, criticou a decisão de Jair Bolsonaro (PSL) de acabar com a política de valorização do salário mínimo, que garante reajustes acima da inflação.
Ele ainda citou que o compromisso de Bolsonaro é com os mais ricos, em especial com o mercado. Marinho ainda disse que o presidente desconhece as melhorias nas condições de vida que a valorização do salário mínimo proporcionou para milhões de brasileiros que saíram da linha da pobreza durante os governos de Lula e Dilma Rousseff, além da melhora do poder de compra de aposentados e pensionistas e, consequentemente, o aquecimento da economia nos pequenos e médios municípios. Leia a íntegra do artigo:
Governo quer tungar trabalhadores, aposentados e pensionistas
Quando fui convidado para assumir o Ministério do Trabalho, solicitei ao presidente Lula liberdade e respaldo para fazer todos os movimentos necessários para garantir a correção do salário mínimo acima da inflação. Pauta que havia construído em conjunto com os trabalhadores e trabalhadoras e com as direções de todas as centrais sindicais quando fui presidente da Central Única dos Trabalhadores.
E foi com esse apoio determinado do presidente Lula que conseguimos implantar a política que garantiu o reajuste do salário mínimo acima da inflação durante os 13 anos em que governamos o país. Não tenho dúvidas em afirmar – e os números dos economistas corroboram esta tese - que essa política foi fundamental para que mais de 30 milhões de brasileiros e brasileiras saíssem da linha da pobreza e milhões de empregos fossem gerados em todo o país durante o período dos governos Lula e Dilma.
O salário mínimo movimenta a economia nos pequenos e médios municípios do país e tem uma influência direta nos ganhos de aposentados e pensionistas. A grande parte da renda que faz a roda da economia girar no Brasil mais profundo vem da massa salarial e de pensões e aposentadorias. Quantas cidades vivem esta realidade Brasil afora?
Desconhecendo essa realidade – ou talvez seguindo a sua cartilha de destruição do Brasil anunciada sem a menor cerimônia por Bolsonaro em encontro com empresários nos Estados Unidos – integrantes da equipe econômica anunciam que até o final do ano devem enviar ao Congresso Nacional uma nova fórmula de cálculo do reajuste do mínimo, excluindo a previsão de aumento real acima da inflação. Aumento que é hoje garantido por uma lei aprovada em 2007, durante nosso governo, que assegura a correção permanente do mínimo levando em conta o resultado do PIB de dois anos anteriores mais a inflação do último ano medida pelo INPC.
Mas nada de surpresa com essa atitude do governo Bolsonaro. É patente que seus compromissos são com os mais ricos. É notório que ele está presidente a serviço dos banqueiros, empresários e grandes corporações estrangeiras. É fato que ele é um funcionário do chamado mercado e que como tal fica à vontade para cometer mais essa crueldade contra os trabalhadores e trabalhadoras mais pobres e aposentados e pensionistas desse país. Não bastasse o desemprego, que campeia e já atinge 13 milhões de brasileiros e brasileiras, a reforma da Previdência que quer acabar com a possibilidade de os mais humildes terem sua aposentadoria, e o fim de vários programas sociais, agora ele também quer enfiar a mão no bolso de quem vive de salário mínimo.
Essa é mais uma luta para qual teremos de ocupar as ruas para vencer. Só com a união de todas as centrais sindicais, dos movimentos sociais e de toda a sociedade evitaremos mais essa tungada naqueles que mais precisam de políticas públicas.
Luiz Marinho foi presidente da CUT, ministro do Trabalho e da Previdência (governo Lula) e prefeito de São Bernardo do Campo