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Ato

Frente Brasil Popular: derrubada de Temer é apenas o início

Linha fina
Movimentos sociais, centrais sindicais e partidos lançam plano de emergência para o país
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Foto: Paulo Pinto / AGPT

São Paulo - Em ato realizado na noite desta segunda-feira 29, no Tuca, teatro da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), a Frente Brasil Popular (FBP) lançou o "Plano Popular de Emergência" – uma agenda de recuperação econômica do país a ser implementada após o afastamento do presidente Michel Temer e que prevê eleições diretas para definir sua sucessão, com o restabelecimento da democracia. "O objetivo do nosso programa é o desenvolvimento econômico com distribuição de renda, porque este é o programa que interessa ao trabalhador. O pressuposto das nossas propostas é o 'Fora, Temer!', e esta palavra de ordem não se encerra em si, mas abre outra ação: as diretas já", resumiu o ex-ministro de Ciência e Tecnologia (2003-2004) Roberto Amaral, um dos coordenadores da frente. 

Durante o ato foi anunciado que outras mobilizações serão organizadas nas próximas semanas. Uma das principais será a "maior greve da história do Brasil", em data ainda a ser definida, entre os dias 26 e 30 de junho, lembrou o presidente da CUT, Vagner Freitas. As centrais sindicais aprovaram nesta segunda-feira 29 a realização de uma nova greve geral, contra as reformas e o governo Temer. "Não aceitaremos 'Fora, Temer!' para colocar outro golpista no lugar. Fora Alckmin, fora Jobim, fora Fernando Henrique Cardoso, fora Doria e fora qualquer um que for indicado indiretamente, mesmo que seja de esquerda", afirmou o dirigente.

"Se não for suficiente uma greve geral, a próxima marcha a Brasília será para não voltar de lá enquanto não tiver diretas já. Daqui para frente nós é que vamos para a ofensiva", prometeu o coordenador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), João Pedro Stédile.

Em 5 de junho uma reunião em Brasília deverá definir a formação de uma frente ampla pelas diretas e um calendário de mobilizações por todo o país. Amaral e Freitas destacaram a unidade da esquerda após a derrubada de Dilma Rousseff. "Muita gente não acreditou que pudéssemos organizar uma frente com os movimentos sociais e o movimento sindical. Apostavam na nossa divisão", afirmou o presidente da CUT.

O ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) atacou o ex-candidato à Presidência da República e senador afastado Aécio Neves (PSDB-MG), que afirmou, em conversa gravada pelo empresário Joesley Batista, que a ação para cassar a chapa encabeçada por Dilma Rousseff em 2014 foi ajuizada para "encher o saco".

"No que me diz respeito, ele conseguiu encher o saco com suas mentiras, com sua falta de caráter", disse Haddad. "Nós queremos oferecer a ele novas eleições. Queremos até que ele seja candidato." Para o ex-prefeito, é preciso relembrar ao tucano que após as eleições ele "dizia que a desonesta era Dilma e o honesto era ele".

"Não haverá paz sem justiça" - O ex-prefeito disse que as diretas vão "resgatar a soberania e a democracia" e evitar que as reformas de Michel Temer "sejam aprovadas na calada da noite". "O que pensam esses senhores? Não haverá paz sem justiça, e a justiça se faz ouvindo a população e o movimento social". Para o petista, "uma quadrilha se apropriou do poder".

Em sua fala, o presidente eleito do PT de São Paulo, Luiz Marinho (que tomará posse dia 10), afirmou que, "para a Globo, o Temer não serve mais". Segundo o dirigente, com o enfraquecimento do presidente ilegítimo, "ele não consegue entregar o produto do golpe", que são as reformas trabalhista e da Previdência, entre outras.

Marinho citou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva: "Queremos derrotar o candidato da Globo". Afirmou ainda que a construção de uma candidatura indireta é inadmissível. Assim como Roberto Amaral, defendeu que um governo progressista fruto de eleições diretas precisa fazer a democratização dos meios de comunicação, a reforma do Judiciário e aprovar a taxação de grandes fortunas. Mas, para restabelecer a democracia, admitiu: "precisamos de muita gente na rua, de mobilização de massas e politizar o debate".

A presidenta da União Nacional dos Estudantes (UNE), Carina Vitral, mencionou a educação como um dos projetos essenciais a serem retomados no Brasil, a partir do fim do atual governo. "O plano (lançado pela FBP) tem como objetivo inicial derrubar o governo Temer e enfrentar a crise com a proteção do emprego e manter os direitos conquistados", disse. Roberto Amaral reforçou a opinião de Carina: "Este país não terá futuro se não investir em ciência e tecnologia e, por isso mesmo, esse governo cortou as verbas de ciência, tecnologia e educação".

Segundo Stédile, o objetivo principal do programa da FBP lançado no Tucarena não são os eventuais candidatos à presidência, mas "convencer o povo de um programa alternativo. Ou o povo pressiona nas ruas por ideias, ou não vamos mudar esse país".

O dirigente disse que mantém conversas com o cineasta Silvio Tendler para fazer um documentário sobre os pontos do programa da frente. "Esse plano é de emergência, para depois de conquistarmos as diretas já, mas os problemas que a sociedade enfrenta não se resumem às diretas já", explicou Stédile. O programa, disse, incorpora a urgência do país de fazer as reformas estruturais.

O "Plano de Emergência para o Brasil" é organizado em 10 eixos:

1) Democratização do Estado;
2) Política de desenvolvimento, emprego e renda;
3) Reforma agrária e agricultura familiar;
4) Reforma Tributária;
5) Direitos sociais e trabalhistas;
6) Direito à saúde, à educação, à cultura, à moradia;
7) Segurança pública;
8) Direitos humanos e cidadania;
9) Defesa do meio ambiente;
10) Política externa soberana.

Veja abaixo o evento na íntegra.

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