Pular para o conteúdo principal
Chapéu
Juros altos

Metade da renda dos mais pobres fica com os bancos

Linha fina
Segundo estudo da Serasa Experian, 27% da população mais carente compromete mais de 50% de seus recursos com pagamento de empréstimos e serviços bancários
Imagem Destaque
Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Mais da metade da renda de 27% da população mais pobre, com ganhos até R$ 2 mil, é abocanhada pelos bancos. O levantamento, feito pela Serasa Experian, mostra que esses recursos são usados para pagamentos de produtos financeiros como cartão de crédito, empréstimo consignado, empréstimo pessoal, financiamento de automóvel, financiamento imobiliário e cheque especial.

Os dados apontam para o problema dos altos juros bancários no Brasil. Levantamento do Banco Central mostra que os juros cobrados no rotativo do cartão de crédito, por exemplo, entre 25 de abril a 5 de maio deste ano, variaram de 219,29% ao ano (Caixa) a 734,40% a.a. (Bradesco). No BB, a taxa foi de 273,97 a.a.; no Itaú de 452,77% e no Santander alcançou 607,22%. Já a do cheque especial, no mesmo período, chegou a 437,15% a.a. no Santander; 325,22% no Itaú; 311,87% no Bradesco; na Caixa, 303.02% e no BB, 296,22% ao ano.

“Os juros bancários no Brasil estão entre os mais altos do mundo. O resultado é o endividamento dos brasileiros, como mostra o levantamento. Além disso, com taxas tão altas, os bancos dificultam o crédito, tão necessário para alavancar a economia, ainda mais nesse momento de crise”, destaca a diretora executiva do Sindicato Marta Soares. Ela acrescenta que, com juros e tarifas tão caras, os bancos deixam de cumprir seu papel social. “Eles lucram alto, mas não devolvem esses resultados à sociedade.”

A pesquisa levou em conta cerca de cinco milhões de consumidores que aderiram ao cadastro positivo da Serasa Experian. Segundo o levantamento, a maioria (69%) dos brasileiros negativados tem renda de até R$ 2 mil. Eles estão, principalmente, em débito com o banco ou cartão de crédito (39%), seguido por financeiras (13%), empresas de serviços (12%), varejo (9%), água, energia e gás (9%), e outros (18%).

seja socio