Em reunião durante a semana, o Comando Nacional dos Bancários apresentou à Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) diversos casos que mostram que os bancos estão descumprindo cláusulas da Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) da categoria. Também foram apresentados os casos que prejudicam fluxo de afastamento para tratamento de saúde, recebimento de benefícios e retorno ao trabalho.
“Muitos bancários trabalham doentes por receio de perdas de remunerações ou de prestígio junto aos gestores. Precisamos encontrar a solução para evitar problemas, tanto para as empresas quanto para os trabalhadores, que, muitas vezes, quando decidem se afastar, a doença já está mais avançada. Queremos criar um ambiente favorável para que isso deixe de acontecer”, disse o secretário de Saúde do Trabalhador da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), Mauro Salles.
Os representantes dos trabalhadores também apresentaram casos em que os bancos não fornecem a Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT) e a Declaração de Último Dia de Trabalho (DUT). Também disseram que existem médicos do trabalho que realizam seus laudos levando em conta os interesses dos bancos, desconsiderando a situação de saúde do trabalhador.
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“Com relação a estes pontos tivemos que firmar nossa posição, pois não houve concordância com o que defende os bancos”, observou o dirigente da Contraf-CUT. “Mas vamos continuar insistindo na busca de uma solução para este problema que, em nossa opinião, são irregulares”, completou.
Vale-alimentação e reabilitação
O secretário de Saúde do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Carlos Damarindo, destacou outro ponto onde os bancos tem discumprido o acordo coletivo com a categoria: o vale-alimentação durante afastamento para perícia médica.
"Enquanto o bancário está em processo de perícia pelo INSS para saber se será afastado ou não, o banco não paga o vale-alimentação, o que é uma visão equivocada da CCT dos bancários. Independentemente da decisão do INSS, é uma questão de humanidade pagar o benefício ao trabalhador, porque ele precisa se alimentar", diz o dirigente.
Outro ponto levantado por Damarindo tem a ver com a reabilitação dos trabalhadores voltando de afastamento. "Os bancos não têm transparência neste processo, a maioria dos bancários volta para o mesmo local onde ficou doente e muitos são desligados durante a reabilitação, com retorno médico marcado. Nestes bancos, ficar doente é só o início de um processo de calvário para o trabalhador", criticou.
A Fenaban vai levar os questionamentos com relação ao descumprimento da CCT aos bancos, que analisarão os casos e dará uma posição na próxima reunião, marcada para 11 de julho.