A revista Carta Capital publicou em seu site nesta quinta-feira 27 artigo assinado por quatro ex-presidentes da Caixa, Jorge Mattoso (2003/2006), Maria Fernanda Coelho (2006/2011), Jorge Hereda (2011/2015) e Miriam Belchior (2015/2016), no qual eles denunciam as políticas neoliberais e privatizantes do presidente Jair Bolsonaro e seu Ministro da Economia, Paulo Guedes.
O texto lembra a trajetória de 160 anos da Caixa, “proporcionando aos brasileiros a realização de sonhos, como permitir que pais garantissem um bom futuro para os filhos, assegurar que o sonho da casa própria se transformasse em realidade e possibilitar o acesso a bens e serviços para os brasileiros.”
Reconhece momentos difíceis enfrentados pelo banco, “com o agravamento do caos monetário dos anos 80 até início dos anos 90, que levou a Caixa a uma reestruturação financeira e patrimonial, realizada em 2001, com a retirava da capacidade de executar políticas públicas e redução da participação no mercado bancário.”
E enaltece a retomada da missão constitucional, a partir de 2003, com o governo Lula, quando “houve a expansão na oferta de crédito, a contratação de empregados e a abertura de novas agências deu-se em paralelo à internalização do processo das loterias, à realização de um amplo processo de inclusão bancária e à efetivação da maior parte dos pagamentos. Desde então, a Caixa assegurou sua rentabilidade e desempenho econômico-financeiro. Ampliou o crédito à pessoa física e jurídica, mantendo baixas taxas de inadimplência, aumentando o lucro líquido e, sempre que possível, contribuindo com dividendos ao Tesouro, tendo também assumido um papel indispensável no enfrentamento da crise financeira de 2008.”
Os autores apontam o golpe de 2016, a ascensão de Temer e sobretudo a eleição de Bolsonaro – obtida graças ao impedimento criminoso da candidatura de Lula – como chave para a implementação de um conjunto de políticas neoliberais e privatizantes que geraram graves consequências econômicas. “Com estas políticas, em meio ao surgimento e agravamento da pandemia, houve um processo de desestruturação do Estado Nacional, com a queda do PIB, dos investimentos, do crédito total e a ampliação do desemprego, da desigualdade e da volta da fome ao país. Em paralelo, a Caixa sofreu um conjunto de políticas que desprezaram sua sustentabilidade com o claro objetivo de favorecer a liquidação da Empresa, fatiando-a para vendê-la em partes.”
Segundo eles, para que a Caixa possa romper com o processo de liquidação e privatização, é preciso que o Brasil acabe com estas políticas de Bolsonaro e Guedes, que tendo como suposto objetivo o mercado e os contratos privados, ignoram a importância do Estado e tentam favorecer sua desestruturação, provocando a queda do PIB, dos investimentos, do crédito total e a ampliação desenfreada do desemprego e da desigualdade. “Outros países, como os EUA e os europeus, apesar das diferenças, já implementam outras políticas que visam minimizar os efeitos da crise, modernizar as economias e fortalecer seu dinamismo, na maior parte dos casos tendo o investimento público como motor do crescimento econômico e do emprego”, diz um trecho do texto.
“No caso brasileiro, já se vislumbra a conformação de uma ampla aliança política para que se possa ter outro governo que venha a acabar com a atual desestruturação do Estado, da economia e da sociedade. Desta forma, se poderá implementar uma outra política que garanta a recuperação econômica e a retomada da redução das desigualdades no País com uma Caixa recuperada, 100% pública e, portanto, capaz de auxiliar o crescimento e desenvolvimento do Brasil”, dizem os autores ao finalizar o artigo.
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