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Luta

Santander: contra demissões e terceirização, Sindicato protesta no Radar

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Roberto Paulino, dirigente do Sindicato, durante protesto no Radar Santander

Dirigentes do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região promovem um protesto nesta quinta-feira 19, no Radar, contra as demissões e o processo de terceirização promovido pelo banco espanhol nas áreas de atendimentos alocadas no Bloco I do local de trabalho.

Desde o início do ano, já são cerca de cem demissões, sem reposição do quadro de funcionários. Além disso, os relatos recebidos pelo Sindicato são fortes e evidenciam que o Santander irá terceirizar para a SX Negócios, empresa do próprio grupo Santander com uma de suas sedes em Sorocaba, toda ou boa parte da área de atendimento, que hoje já tem o controle das áreas de Contas Correntes e Negócios.

“O clima no Radar é de verdadeiro terror entre os bancários. Além das demissões, segundo notícias veiculadas na mídia, o banco pretende até o meio do ano alocar como terceirizados cerca de dois mil trabalhadores na SX Negócios de Sorocaba. Gestores estariam inclusive assediando trabalhadores para migrarem para a SX. Estes trabalhadores não serão bancários, e sim terceirizados, o que significa que não terão nenhum dos direitos clausulados na Convenção Coletiva de Trabalho da categoria bancária ou do Acordo Aditivo dos bancários do Santander”, relata o dirigente do Sindicato e empregado do Santander, Roberto Paulino.

Terceirizar para precarizar e desmobilizar

O processo implementado pelo Santander no Radar é semelhante ao que foi imposto pelo banco no GD (Geração Digital), no qual a área de tecnologia foi terceirizada por meio da F1RST, empresa do grupo Santander, retirando os trabalhadores da categoria bancária, o que reduziu a remuneração e precarizou as relações de trabalho dos funcionários impactados.

“Essa é uma estratégia do Santander para cortar despesas à custa da remuneração e direitos de seus trabalhadores. Além disso, com a terceirização, o banco busca também fragmentar a categoria bancária, atacando o seu poder de mobilização. É um absurdo como o Santander - um banco espanhol, país que revogou uma reforma trabalhista prejudicial aos trabalhadores no final de 2021 - esteja aprofundando no Brasil um dos aspectos mais nefastos da nossa reforma trabalhista, a terceirização”

Roberto Paulino, dirigente do Sindicato e bancário do Santander

O Sindicato também apurou que o WORKDAY (Meu lugar) – sistema para recolocação de vagas no banco – não funciona. Vários bancários relataram que eles devem procurar o gestor da vaga via e-mail ou Teams. E muitas das vagas são fakes – não existem na verdade, possivelmente por já terem sido preenchidas, mas ainda constam no sistema. E os bancários só descobrem isso quando falam com os gestores. A grande maioria não consegue nem marcar entrevistas com os supervisores. São raros os casos em que recebem resposta.

“Cobramos do banco a garantia de realocação dos trabalhadores impactados, assegurando que os mesmos permaneçam como bancários. Este tipo de garantia não é nenhuma novidade, uma vez que já foi clausulada quando da incorporação do Banespa pelo Santander, assim como no caso da aquisição do Banco Real”, enfatiza o dirigente do Sindicato.

Dirigentes do Sindicato durante protesto no Radar Santander

Trabalha em banco, bancário é

O posicionamento do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região é de que se o trabalhador trabalha para um banco, ele deve ser enquadrado como bancário, usufruindo de todos os direitos clausulados na Convenção Coletiva de Trabalho da categoria.

“O Santander, que opera no país como concessão pública, tem o dever de oferecer contrapartidas para a sociedade brasileira. Um banco que lucrou R$ 16,347 bilhões em 2021, que só nesse primeiro trimestre de 2022 faturou mais de R$ 4 bilhões, o que corresponde a 24,7% do seu lucro global, não pode continuar aumentando a fila do desemprego no Brasil e precarizando as relações de trabalho por meio da terceirização. Afinal, qual o compromisso do Santander com o país do qual retira a maior parcela do seu lucro global?”, questiona Roberto Paulino.

Negociação

Após o Sindicato expor as dezenas de demissões causadas pelo processo de terceirização nas áreas de atendimentos do Bloco I do Radar, o Santander procurou a entidade para agendar uma reunião a fim de tratar do tema. A reunião está marcada para a próxima semana.

“Nosso objetivo com o ato, além de dialogar e mobilizar os trabalhadores do Radar contra as demissões e o processo de terceirização, é pressionar o banco para que seja feita uma negociação séria, que traga frutos aos trabalhadores. Principalmente a garantia da realocação destes trabalhadores e permanência dos mesmos na categoria bancária”, explica o dirigente do Sindicato.

Campanha Nacional dos Bancários 2022

Durante o protesto do Sindicato no Radar, os dirigentes da entidade também distribuíram aos trabalhadores a Consulta Nacional dos Bancários, na qual a categoria indica suas prioridades para Campanha Nacional Unificada dos Bancários 2022, quando serão renovadas a Convenção Coletiva de Trabalho da categoria e o Acordo Aditivo dos funcionários do Santander, além de definir o reajuste.

“A nossa Campanha Nacional não trata apenas de reajuste, das cláusulas econômicas, mas também de temas como condições de trabalho e emprego. A nossa luta contra as demissões e a terceirização no Santander passa pela realização de uma Campanha Nacional forte, com a participação e mobilização de toda a categoria. Para isso, o primeiro passo é responder à Consulta Nacional. Juntos, como sempre, somos mais fortes”, conclama Roberto Paulino.

Eleições

“Além de uma Campanha Nacional forte, o nosso objetivo de barrar o processo de terceirização passa também pelas eleições gerais de outubro. O Santander promove este processo graças a reforma trabalhista e a legalização da terceirização irrestrita, ambas aprovadas após o golpe de 2016. Ou seja, para reverter esse quadro de precarização das relações de trabalho é indispensável que os trabalhadores votem em candidatos de fato comprometidos com os seus direitos” conclui o dirigente do Sindicato.

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