O Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região recebe nesta segunda-feira 30, às 19h, o pré lançamento do documentário Renato - Um de nós. O evento também será um ato em defesa do mandato do vereador de Curitiba (PR) Renato Freitas (PT), personagem central do documentário, que enfrenta processo de cassação. Estarão presentes o próprio Renato Freitas e o diretor do documentário, Carlos Pronzato.
O evento acontece no Auditório Amarelo, na sede do sindicato (Rua São Bento, 413, Centro).
Processo de cassação do mandato
O processo de cassação do vereador Renato Freitas está baseado em alegada quebra de decoro pela participação do parlamentar, em 5 de fevereiro, em protesto contra o brutal assassinato do imigrante congolês Moïse Kagambe. O protesto foi realizado na Igreja Nossa Senhora do Rosário dos Homens Pretos, no centro de Curitiba.
Em carta à Câmara de Vereadores, a própria Arquidiocese de Curitiba declarou que Renato “cometeu certos excessos”, mas não interrompeu missa, e por isso, pede “punição proporcional aos fatos”. A entidade diz que a “manifestação contra o racismo é legítima, fundamenta-se no Evangelho e sempre encontrará o respaldo da Igreja”.
A arquidiocese vai além e reconhece a importância da atuação política do vereador. “Percebe-se no vereador o anseio por justiça em favor daqueles que historicamente sofrem discriminação em nosso país. A causa é nobre e merece respeito."
Racismo e perseguição política
Hoje, o processo de cassação do mandato de Renato está suspenso. Quando o processo foi aprovado no Conselho de Ética, Renato recebeu ameaças e foi vítima de racismo em e-mail enviado ao parlamentar. A mensagem foi atribuída ao vereador Sidnei Toaldo (Patriotas), relator do processo, que alega que sua conta de e-mail foi hackeada. Em liminar obtida por Renato, o processo de cassação foi suspenso até que a autoria da mensagem seja esclarecida.
Em entrevista à jornalista Mariama Correia, do portal Pública, Renato deixa claro que não acredita na manutenção do seu mandato em votação do plenário da Câmara de Vereadores de Curitiba.
“O processo já se encontra em estado de exaurimento. Já passou pela Comissão de Ética e falta apenas a chancela do Plenário na Câmara. É claro que se fosse uma circunstância favorável isso representaria uma possibilidade de segunda discussão, mas não é o que ocorre. Inclusive, vazou que 13 vereadores, ligados ao prefeito, já assinaram o decreto de cassação. Precisa de 20 para formar maioria (entre 38 vereadores). Para mim o que resta é o recurso judicial”, diz o parlamentar.
Cabe lembrar que a Câmara dos Vereadores de Curitiba, que agora está prestes a cassar o mandato de um vereador por se manifestar em uma igreja contra o racismo, nos últimos 20 anos manteve o mandato de parlamentares acusados de diversos crimes como rachadinha, peculato, racismo assédio sexual, entre outros (veja uma lista dos vereadores inocentados pela Câmara de Vereadores de Curitiba em reportagem de José Pires, do portal Parágrafo 2.
Basta! Não irão nos calar
O Sindicato mantém um serviço de atendimento jurídico especializado e gratuito para vítimas de racismo, injuria racial e de violência policial. A inciativa é uma ampliação do projeto Basta! Não irão nos calar, que também atende mulheres vítimas de violência doméstica e de gênero, além de pessoas LGBTQIA+ vítimas de homofobia.
Para ser atendido pelo projeto, a vítima deve entrar em contato por meio da página específica do projeto Basta! Não irão nos calar, na qual recebe um primeiro atendimento de forma rápida por meio do WhatsApp.