São Paulo - Quatro grandes capitais em três regiões diferentes do país bradaram em alto e bom som, no domingo 11, o que a imensa maioria do povo brasileiro reivindica para a saída da crise política: Fora Temer e Diretas Já. Os manifestantes também deram voz à outra unanimidade nacional, o repúdio às reformas trabalhista e da Previdência, e lembraram a importância da greve geral do dia 30.
> Pesquisa CUT-Vox Populi: 89% querem eleições diretas
> Reformas trabalhista e da Previdência são rejeitadas pelos brasileiros
Em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, os gaúchos reuniram-se desde cedo no Parque da Redenção, segundo matéria da Rede Brasil Atual. Foram cerca de 30 mil pessoas que, além de darem apoio às bandeiras da manifestação, puderam acompanhar apresentações dos artistas Bagre e Ernesto Fagundes, Hique Gomez, Antônio Villeroy, Negras em Canto, Bebeto Alves, Nani Medeiros e Raul Elwanger.
> Greve geral é a principal arma contra reformas de Temer
Na parte da tarde, em Salvador, 100 mil pessoas foram ao ato Bahia Pelas Diretas, que reuniu mais de 20 artistas e bandas, com destaque para Daniela Mercury e Margareth Menezes (foto), além da banda BaianaSystem.
"O canto dessa cidade é pelas diretas", afirmou Daniela, durante a apresentação. Já em coletiva, a cantora afirmou que o país vive um "estado de exceção" e que é preciso "iluminar a rua com democracia". Margareth lembrou que "milhares de vidas estão sendo sacrificadas" pela corrupção e o vocalista da BaianaSystem, Russo Passapusso, pregou desobediência às ordens de "vossa excelência", em referência ao atual presidente.
Além de artistas, personidades políticas compareceram ao ato, como a senadora Lídice da Mata (PSB-BA) e os deputados federais Alice Portugal, Daniel Almeida e Deivison Magalhães, todos do PCdoB. O presidente da CUT-BA, Cedro Silva, destacou a importância da greve geral de 30 de junho no esforço para barrar as reformas.
Em São Paulo (foto abaixo), a mobilização foi no Largo do Arouche, centro da capital, reunindo também artistas, intelectuais, políticos e lideranças do movimentos sociais. Denominado "por diretas e por direitos", o ato foi marcao pela diversidade.
"Nos sentimos sub-representadas na política. Esse ato é para as mulheres terem fala própria, para dar visibilidade às mulheres, porque são as que mais vão sofrer com a agenda retrógrada e direitos", declarou a socióloga e professora da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) Esther Solano.
"Hoje, estar aqui nesse ato no Largo do Arouche, que foi palco de grandes manifestações no Brasil, é fundamental para dizer 'Diretas já' e por uma Constituinte que nos respeite. Somos 54% da população e as perdas de direitos caem sobre nós", afirmou Eleonora Menicucci, socióloga e ex-ministra de Política para as mulheres.
As apresentações musicais ficaram por conta de Lurdez da Luz, Brisaflow, Tati Botelho, Preta Rara, Stefanie Roberta, Barbara Sweet, Luana Hansen e Aíla, Ana Cañas, Flora Matos, As Bahias e A Cozinha Mineira e os coletivos Slam das Minas, Trans-Sarau.
Já o Recife pelas Diretas não contou apenas com a convocação e divulgação pelas redes sociais, mas também se utilizou de financiamento coletivo (crowdfunding) para colocar o bloco na rua, que reuniu milhares, no Cais da Alfândega, no centro da capital pernambucana, até o fim da noite.
Passaram pelo trio elétrico os artistas Marco Polo, Fábio Trummer, Canibal, Beth de Oxum, Banda Rossi, Juliano Holanda, Roger de Renor, Mônica Feijó, Fred Zero Quatro e a Banda Rossi, dentre outros.
Precisamos resgatar nossa democracia, e garantir os nossos direitos conquistados à custa de muita luta e sangue dos que nos antecederam", afirmou Carlos Veras, presidente da CUT-PE, uma das entidades que apoiaram o movimento, juntamente com as frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo. Os organizadores não divulgaram estimativa de público.
Leia mais
> PEC das Diretas passa e vai a plenário no Senado
> Em nota, Bradesco defende reformas
> Dono do Itaú defende reforma trabalhista
> Lobistas patronais elaboraram emendas da reforma trabalhista