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Internacional

Congresso da UNI reforça importância do movimento sindical

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Encontro do sindicato global debateu propostas para a atuação dos sindicatos em prol da economia sustentável, o futuro do mundo do trabalho, estratégias para a defesa dos empregos e para garantir que a riqueza gerada pela inovação tecnológica seja dividida com os trabalhadores
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Foto: Seeb-SP

Ocorreu entre os dias 17 e 20 de junho, em Liverpool, Reino Unido, o 5º Congresso Global da UNI Global Union, sindicato global que representa mais de 20 milhões de trabalhadores de 900 sindicatos do setor de serviços em países de todos os continentes. O encontro teve o tema geral “Vamos tornar possível”, em referência às transformações que queremos ver no mundo, e reuniu mais de 2.500 trabalhadores, 

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A abertura do Congresso contou com uma apresentação sobre a luta de classes na Inglaterra e o desenvolvimento do sindicalismo.

A presidenta da Contraf-CUT, bancária e ex-presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, destaca que o evento enalteceu a importância do movimento sindical e reforçou a união e solidariedade de 139 países nesta luta. “Nós criamos os sindicatos para proteger as pessoas pobres do egoísmo dos ricos. As pessoas sabem que juntos somos mais fortes. Mas o aspecto neoliberal do capitalismo vem convencendo as pessoas de que as lutas são individuais e que elas podem vencer mesmo estando isoladas. Não podemos aceitar que nos dividam. Temos um plano estratégico para 2018/2022 e com ele vamos desenvolver os sindicatos em todo o mundo.”

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Na segunda-feira 18, o dia foi dedicado para debates sobre quatro eixos importantes. O primeiro foi sobre o plano estratégico para romper barreiras no período 2018/2022, que abordou as formas de organização dos sindicatos para enfrentar o capitalismo e a retomada conservadora e discriminatória no mundo.

O eixo “Sindicatos para uma economia sustentável” discutiu o papel do movimento sindical na cobrança por maior distribuição de renda e por uma economia inclusiva, contra o trabalho informal e temporário. “Os lucros das empresas crescem e o salário do trabalhador cai no mundo inteiro. Tem uma distância cada vez maior entre o 1% dos ricos do mundo e a população. Isso se transformou numa ameaça para a democracia e os direitos fundamentais. E o capital vem manipulando em todos os países. Precisamos insistir para que existam reformas necessárias para que o mundo seja bom para todos. O movimento tem que responsabilizar as empresas pelos danos que elas causam no meio ambiente”, afirmou o secretário de Relações Internacionais da Contraf-CUT, Roberto von der Osten.

O papel dos sindicatos e o futuro do mundo do trabalho foi outro tema em destaque durante o dia. Um estudo, realizado em 32 países, pelo Centro de Desenvolvimento Econômico (CDE), mostrou que os empregos estão cada vez mais em risco devido à automatização. Segundo a pesquisa, 14% dos postos de trabalho já poderiam ser automatizados, o que significa que 67 milhões de trabalhadores podem ser afetados. Além disso, 32% dos trabalhadores terão mudanças nas tarefas realizadas.

O eixo final abordou a importância da luta por um mundo de democracia e paz. Num momento no qual o mundo vive o ressurgimento das forças antidemocráticas, da discriminação e da intolerância, o evento fortaleceu a campanha internacional da ONU pela proibição das armas nucleares e por menos investimento em armas e mais em desenvolvimento e justiça social.

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Já na terça-feira 19, foram abordados os seguintes temas: Economia Sustentável e Futuro do Mundo do Trabalho. Na sua intervenção, a presidenta do Sindicato, Ivone Silva, falou sobre a concentração de renda no Brasil, impulsionada por um sistema tributário no qual os trabalhadores pagam mais impostos que os grandes empresários.

“A concentração de riquezas é agravada no Brasil pelo fato de que os donos das empresas, quando vão pegar seus lucros e dividendos, não pagam um centavo em impostos. Hoje temos 71 mil brasileiros que detém 8,5% de toda a renda nacional. Outro problema que vemos no Brasil é a apropriação das nossas reservas naturais, que são várias. Vou citar uma, a questão da água, fundamental para o mundo inteiro. Este ano tivemos no Brasil o Fórum Alternativo Mundial da Água, que declarou que água é vida, é saúde, é alimento, é território, é direito humano e é um bem comum sagrado. Que não pode ser mercadoria. E o que nós vemos no mundo inteiro e, principalmente no Brasil, onde ainda temos esse recurso em abundância, é a água virando uma mercadoria”, declarou Ivone.

Já na quarta-feira 20, último dia de Congresso, os debates foram focados no tema “Paz, Direitos e Democracia”, que contou com a contribuição da ex-presidenta Dilma Rousseff, que denunciou o processo contínuo de golpe democrático no Brasil, suas consequências nefastas para os trabalhadores e população em geral, além de expor a prisão política e sem provas do ex-presidente Lula, mais uma etapa da ruptura democrática imposta ao país.

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“Infelizmente para os golpistas – que envolvem partidos, parte das finanças do Brasil, a mídia oligopolista e todos aqueles com interesses no enquadramento neoliberal do Brasil – eles não conseguem entregar o que prometeram. Falavam que todos os problemas eram devidos ao PT, mas ao assumirem não conseguiram resolver a situação. Pelo contrário, agravam. Cortam programas sociais, tornam inviável a vida das universidades. Enfim, aplicaram o modelo que eles tinham. Então, o presidente Lula, vítima de uma verdadeira campanha de destruição de sua respeitabilidade e personalidade, sobrevive e cresce nas pesquisas. Do outro lado, nenhuma das lideranças tradicionais dos golpistas sobrevive. Não encontram candidato”, destacou.

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“O processo feito contra o presidente Lula tem relação com o fracasso político do golpe. As pesquisas começaram a mostrar que Lula tinha mais que o dobro de todos os outros candidatos somados. A saída que encontraram foi condená-lo a nove anos em primeira instância. Depois, lembraram que a pena dele cairia se dessem nove anos, pois tem mais de 70 anos, e aumentaram a pena para 12. Fizeram de tudo e acharam que, depois de preso, a sua popularidade cairia. Sessenta dias depois, ele mantém a mesma popularidade e intenção de votos”, acrescentou.

No Congresso, Dilma reafirmou que o Partido dos Trabalhadores levará a candidatura do ex-presidente Lula às últimas consequências. “Querem que nós retiremos Lula das eleições, pressionam pelo plano B. Querem que façamos o trabalho violento e antidemocrático de retirar da eleição o primeiro colocado.”

“Lula é um sindicalista. A vida inteira foi um sindicalista. Por ser um sindicalista, sempre foi um excepcional negociador. Precisamos fazer o Brasil se reencontrar, com eleições. Hoje o governo não existe (...) Precisamos interromper esse processo. É grave o que poderão fazer com a Previdência, em um país onde mais de 70% dos aposentados ganha um salário mínimo, mas que ao menos protege os idosos da miséria. Nós tiramos o país do mapa da pobreza da ONU. Eles vão fazer voltar. É urgente que a gente tenha condições de ganhar a eleição. Temos de unir o Brasil de novo”, concluiu Dilma, que encerrou sua fala com o lema “Lula Livre”, sendo acompanhada, em uníssono, por todos os trabalhadores presentes.

Após a fala da ex-presidenta, a diretora do Sindicato e presidenta da UNI Finanças Mundial, Rita Berlofa, conclamou os trabalhadores presentes a enviar uma mensagem de apoio ao ex-presidente Lula.

Outra liderança brasileira a participar do último dia de debates do Congresso foi o presidente da CUT, Vagner Freitas, que mandou um recado aos golpistas do Brasil e do mundo. Em seu discurso, Vagner disse que o movimento Lula Livre não é apenas dos brasileiros, mas sim, a luta em defesa da democracia que está sendo golpeada e colocada em risco no mundo inteiro.

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“No Brasil cresce o fascismo, a intolerância, a possibilidade de intervenção militar. O movimento Lula Livre mais do que falar para os brasileiros, é um grito de alerta aos trabalhadores e aos democratas do mundo inteiro para que não tenhamos retrocesso no processo de construção que estamos fazendo”.

Vagner ainda defendeu a democracia, que segundo ele é o único regime em que os trabalhadores e trabalhadoras podem crescer. “Somos contra o fascismo, a homofobia, o machismo e a ditadura e queremos Lula Livre”, encerrou o dirigente.

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