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Chapéu
Seminário Online

Uni Global discute impactos do home office para a juventude

Linha fina
Por conta da pandemia de coronavírus, evento realizado no dia 15 reuniu remotamente mais de 118 jovens de diversos países
Imagem Destaque
Montagem: Linton Publio

Com o tema Teletrabalho e o Direito à Desconexão, mais de 118 jovens de diversos países participaram, na segunda-feira 15,  do primeiro seminário online, por conta da pandemia de coronavírus, organizado pela Uni Global para a juventude. Dentre as pautas discutidas, a nova realidade para os jovens com o teletrabalho, a falta de privacidade e de infraestrutura, além de longas jornadas.

A vice-presidenta da Uni Américas Juventude, Lucimara Malaquias, destaca que não é de hoje que existe o teletrabalho, mas que a pandemia de coronavírus acelerou e expandiu essa modalidade no mundo.

"O home office já é uma realidade em muitos países e em diversas categorias, inclusive na bancária. A pandemia acelerou e intensificou este processo, e se durante a pandemia o movimento sindical tem reivindicado esta modalidade de trabalho para o maior número de pessoas possível, após a pandemia esse assunto precisará ser debatido, negociado, revisto e regulamentado com urgência".

A dirigente ainda diz que esse novo modelo de trabalho vai impactar no estilo de vida dos jovens, já que tem sido vendido pelas empresas como o suprassumo da modernidade.

"As empresas falam em flexibilidade, ausência de chefia, que o conforto da residência evita o cansaço do deslocamento e a insegurança das ruas. Porém, os últimos três meses de pandemia têm mostrado o lado ruim do home office para os trabalhadores, e com os jovens isso não é diferente, pois muitos já se manifestaram contrários a esta falsa realidade proporcionada por este modelo de trabalho".

Falta de privacidade e de estrutura

Lucimara Malaquias ainda diz que os jovens enfrentam alguns problemas com o teletrabalho, entre eles a falta de privacidade e de infraestrutura, além da responsabilidade pelos custos.

"As empresas investem cada vez mais em softwares de monitoramento de presença, controle da produtividade, cobrança pelo cumprimento de metas, várias vezes ao dia por meio de vídeo e mensagens no celular. Com isso, literalmente, seu chefe pode invadir sua casa, seu espaço de privacidade e descanso", critica, e completa: 

"As jornadas costumam extrapolar e a linha que separa horário de trabalho, horário de almoço, horário de lazer fica cada vez mais difícil de dimensionar. Neste contexto, o direito a desconexão passa a ser essencial para a saúde dos trabalhadores".

Outra dificuldade destacada é a falta de privacidade de quem mora com a família e precisa dividir o espaço. Com o período de isolamento social - e há muitos jovens que moram com as famílias, filhos e com demais pessoas que residem no mesmo local - ter privacidade e espaço dedicado só para o trabalho já é mais complicado e pode impactar no rendimento no final do dia.  

"Especificamente no caso do Brasil, que é um país extremamente desigual, onde o acesso a internet não é garantido a todos e muito menos na velocidade e qualidade que precisam, muitas empresas, inclusive os bancos, solicitam que os próprios trabalhadores tenham equipamentos modernos para rodar seus sistemas e internet de alta velocidade. Isto, sem dúvida, é um problema muito sério", critica.

Ela ainda comenta que além de terem que ser capacitados para manusear dados, muitas vezes sigilosos, e operar softwares complexos, esta responsabilidade tem de ser exclusivamente das empresas, e não dos trabalhadores. E, por isso, alguns sindicatos de nível internacional já discutem os marcos regulatórios globais para garantir segurança e direitos para todos.

"Os custos com segurança da rede, dos dados e com capacitação têm de ser da empresa e nunca repassado para o trabalhador. Pensando neste cenário, o movimento sindical já se prepara para um novo modelo de trabalho, mas é fundamental que os trabalhadores se conscientizem dos riscos, dos prejuízos e nos ajudem com propostas. A diferença entre os países é enorme em termos de infraestrutura, leis trabalhistas, mas o debate internacional visa dividir experiências e compartilhar conhecimento", finaliza Malaquias.

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