São Paulo – As humilhações praticadas pelo gerente regional Tucuruvi, na zona norte de São Paulo, motivaram um protesto do Sindicato no prédio que comanda mais de 20 agências na região. Durante toda a quarta-feira 26, a agência situada no mesmo imóvel foi paralisada pelos dirigentes sindicais que realizaram um Portal do Inferno – uma maneira irreverente de denunciar o assédio moral tão comum no ambiente profissional bancário.
“Os bancários da zona norte não querem mais trabalhar com esse gestor regional. Não tem mais clima. Não querem mais ser subordinados a uma pessoa que humilha, maltrata, chama de 'burro'. Os bancários não suportam mais”, afirma o dirigente sindical e bancário do Bradesco Marcos Amaral, o Marquinhos.
O gestor é reincidente no assédio moral. Tanto que protestos contra esse mesmo gerente regional já foram realizados no final de 2016 e em fevereiro deste ano. “Continuaremos a protestar até que esse problema seja resolvido. É inaceitável que os trabalhadores sejam desrespeitados por conta de um gestor e também por causa de uma estrutura organizacional que busca a obtenção de lucros obscenos por meio da exploração, da humilhação e dos abusos, práticas que instalaram uma epidemia de adoecimentos na categoria bancária”, critica Marquinhos.
Os bancos se enquadram entre as empresas com maior risco de acidente de trabalho ou doença ocupacional no Brasil. Mais de 18 mil bancários (18.671) se viram obrigados a pedir afastamento em 2013 (último ano com dados disponibilizados), de acordo o INSS, em todo o país – sendo 24,6% devido a lesões por esforço repetitivo e 27% por transtornos mentais e comportamentais (como stress, depressão e síndrome do pânico).
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> Quase metade da categoria bancária já trabalhou doente
“Os trabalhadores perdem sua saúde de tanto trabalhar para gerar lucro aos bancos que continuam com resultados astronômicos”, critica Marquinhos. “O Bradesco lucrou R$ 9 bilhões no segundo trimestre, alta de 13% em relação ao mesmo período do ano passado. Resultado expressivo obtido pelo esforço e sofrimento dos trabalhadores. O mínimo que exigimos é respeito a esses bancários que dão o sangue pela empresa. Do contrário, os protestos vão continuar”, afirma o dirigente.
Os bancários podem denunciar casos de assédio moral no canal Assuma o Controle ou enviando mensagem de Whatsapp pelo 11-97593-7749. O Sindicato irá apurar o caso e o sigilo do denunciante se manterá no mais absoluto sigilo.