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Chapéu
Imposto Rosa

Prática discriminatória de mercado faz produto custar mais caro para as mulheres

Linha fina
Estudo francês comprova que mulheres pagam mais caro que os homens pelos mesmos produtos. No Brasil, diferenças são mais gritantes no vestuários, brinquedos e salões de beleza
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Arte: Fabiana Tamashiro

Se não bastassem as mulheres viverem em uma sociedade totalmente machista em que precisam provar a cada dia competências para estar no mercado de trabalho, elas precisam encarar o imposto rosa. Você sabe o que é isso? É quando a mulher paga mais caro que os homens pelos mesmos produtos.

Para exemplificar. Num mercado francês, um gel para depilação de 200 ml para elas custa 2,61 euros (cerca de 8 reais). Se for para ele (com um formato, certamente, mais sóbrio e elegante), esses 200 ml de gel para barba custam 2,34 na mesma loja. Um pacote de cinco aparelhos para depilação descartáveis para elas custa 1,80. Um pacote de dez para eles não passa dos 1,72 euros.

Isso é o que mostrou movimento feminista francês, criado em 2014, Georgette Sand, em sua primeira iniciativa: uma comparação de preços. Os resultados foram tão espetaculares que o então ministro da economia na época e hoje presidente da França, Emmanuel Macron, comprometido com a igualdade, anunciou uma análise similar para entender essa diferença de preço.

O resultado foi um escândalo ao revelar que as francesas ganham, em média, 27% menos que os franceses e que elas ocupam 82% dos empregos de meio-período, e que diante do fenômeno de marketing, ficou evidente o quão prejudicial o imposto rosa era. Na época chegou a pedir a um de seus superiores que tomassem conhecimento sobre essa taxação. 

Já o estudo de Georgette Sand conseguiu uma repercussão ainda mais inesperada, por causa do perfil jovem que aderiu ao coletivo inicial de 40 pessoas, incluindo a presença de homens. O estudo está em permanente renovação e enriquecimento graças ao canal aberto no Twitter, #womantax

Nele, muitos meios de comunicação e cidadãos continuam fornecendo várias comparações com produtos variados. Alguns dos exemplos são hilários, como o mostra a página é de um item de higiene de primeira necessidade - uma escova de dentes rosa custa 5,94 euros, mas se for azul para homem, mesmo sendo igual, o preço cai para 5,78.

Outra grande ação desenvolvida se transformou em uma petição com mais de 15 mil assinaturas para uma das redes de supermercados mais conhecidas do país, Monoprix, pedindo que abandonassem essa política discriminatória. Sobre os aparelhos descartáveis, por exemplo, o Monoprix alegou que são mais baratos para os homens porque eles consomem em maior número, mas na época, não mostraram dados. 

Nos Estados Unidos essa taxação não é diferente. Segundo divulgou a Forbes, as mulheres chegam a pagar por ano 1.300 dólares a mais que os homens por produtos similares. 

Já no Brasil, essa tendência de encarecer os produtos "rosa" foi constatada pelo professor Fábio Mariano Borges, da ESPM. Há categorias em que a diferença é ainda mais visível, chegando a subir para 17% em vestuário adulto, 23% no vestuário infantil, 23% em cortes de cabelo e 26% em brinquedos.

A bancária do Santander e diretora do Sindicato Vera Marchioni diz que esse estudo só reforça a importância da luta das mulheres. “Nós mulheres estamos nos conscientizando do quanto a nossa luta por igualdade de direitos é necessária, pois as diferenças estão presentes e interferem em todas as dimensões da nossa vida”, afirma. 

 

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