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Chapéu
Desigualdade

Você sabe quanto ganham os diretores executivos do seu banco?

Linha fina
Provavelmente é muito mais do que você imagina e muito, mas muito mais do que você recebe; bancários estão em meio à Campanha Nacional 2018 e números comprovam que os bancos têm totais condições de apresentar reajuste salarial digno
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Arte: Freepik

As imensas remunerações pagas aos diretores executivos dos grandes conglomerados financeiros estão profundamente relacionadas aos lucros cada vez maiores apresentados por essas instituições. Assim como as metas abusivas para a venda de produtos a que praticamente todo o bancário deve cumprir, e aos juros e tarifas cobrados dos clientes. Isso porque grande parte dos ganhos desses executivos é formada por remuneração variável, como bônus e ações.

Mas quanto devem ganhar em 2018 os diretores executivos do Itaú, Bradesco, Santander e Banco do Brasil, os quatro maiores bancos múltiplos com carteira comercial que atuam no país? A informação é conveniente, porque os bancários estão em meio à Campanha Nacional 2018, e já se passaram oitava rodadas de negociações nas quais a Fenaban (federação dos bancos) não apresentou qualquer resposta para as reivindicações da categoria (veja abaixo links das negociações).

Na rodada de terça-feira 21, os bancos apresentaram proposta de reajustre salarial insufiente e que retira uma série de direitos. As negociações continuam na quinta-feira 23.

Segundo a Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Itaú, Bradesco, Santander e Banco do Brasil preveem pagar aos seus 194 diretores R$ 1,310 bilhão. Aumento proporcional de 9,2% em relação a 2017, quando 198 diretores receberam R$ 1,2 bilhão. Ou seja, em 2018, cada diretor irá receber, em média, R$ 6,7 milhões.

Esse valor é 124,9 vezes maior do que aquilo que um escriturário receberá em 2018 (R$ 54 mil no ano, incluindo nesse total salário, PLR e vales). A distância entre os dois cargos aumentou em relação a 2016, quando um diretor executivo ganhou, em média, 120 vezes mais do que aquilo que ganhou um escriturário.

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A maior discrepância é verificada no Itaú. Cada um dos 23 diretores executivos irá ganhar R$ 13,4 milhões, 0,2% a menos do que em 2017, mas ainda assim, inacreditáveis 249,3 vezes mais do que um escriturário ganhou no mesmo ano.

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O Santander é o banco com a segunda maior diferença entre os cargos: um diretor executivo irá receber R$ 7,2 milhões  em 2017 (26,9% a mais do que em 2016), o que representa  133,7 vezes mais do que um escriturário recebeu.

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Os 96 diretores do Bradesco receberão cerca de R$ 6,7 milhões em 2018 (2,7% a mais do que em 2017), valor que representa 124 vezes mais daquilo que um escriturário ganhou.

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No Banco do Brasil, cada um dos 37 diretores executivos recebeu R$ 2,1 milhões (36,2% a mais do que em 2017), ou 39,35 vezes mais do que um escriturário ganhou.

“Essa discrepância de valores entre aquilo que os diretores executivos e os bancários recebem, associada aos lucros cada vez maiores registrados pelos bancos, comprovam que essas instituições financeiras têm totais condições de apresentar uma proposta de reajuste salarial digna aos trabalhadores na mesa de negociação da Campanha Nacional 2018”, afirma a presidenta do Sindicato Ivone Silva, uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, que representa os trabalhadores nas negociações com as Fenaban.

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Injustiça tributária

As injustiças não se restringem às diferenças de remuneração. O sistema tributário brasileiro ajuda a aumentar o fosso social entre trabalhadores e altos executivos.

Segundo estudo do Ipea, a redução das alíquotas do Imposto de Renda, ocorrida entre os anos 1980 e 1990, é uma das responsáveis pela imensa concentração de renda no país. O Brasil já chegou a cobrar alíquotas de até 60% para rendas mais elevadas. A partir de 1988, as taxas sofreram um movimento de redução até chegar ao teto atual de 27,5%.

71 mil brasileiros detém 8,5% de toda renda nacional

Isso significa que essa alíquota é cobrada tanto para quem ganha R$ 5 mil quanto para quem ganha R$ 5 milhões por mês. 

“É urgente uma reforma tributária instituindo o sistema progressivo de cobrança de impostos, para que os mais ricos e os que ganham mais paguem conforme seu rendimento, porque não é justo que a maior alíquota de imposto seja de apenas 27,5%”, afirma Ivone Silva.

Veja como foram as negociações anteriores com a Fenaban
> 1ª rodada: Bancos frustram na primeira rodada de negociação
> 2ª rodada: Calendário de negociações foi definido
> 3ª rodada: Categoria adoece, mas Fenaban não apresenta proposta 
> 4ª rodada: Em mesa de emprego, bancos não se comprometem contra contratações precárias
> 5ª rodada: Bancos não apresentam proposta para as cláusulas econômicas
> 6º rodada: Bancos lucram bilhões e não querem dar aumento real
> 7ª rodada: Negociação com Fenaban continuará na terça-feira 21

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