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Chapéu
Nas alturas

The Economist confirma: bancos no Brasil têm lucro alto em qualquer situação

Linha fina
Revista britânica destaca que setor mantém lucratividade mesmo em momentos de crise no país. Dados mostram que bancos podem valorizar seus funcionários com aumento real; Fenaban apresenta proposta na terça 7 e bancários deliberam sobre ela em assembleia na quarta 8
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Arte: Contraf-CUT

Artigo da revista britânica The Economist, uma das maiores publicações de economia do mundo, constata: o lucro dos bancos brasileiros se mantém alto independentemente da situação econômica do país, seja em momentos de crise ou de prosperidade.

O artigo (leia íntegra em inglês) observa que os bancos brasileiros mantiveram a alta lucratividade durante o período de hiperinflação da década de 1980 e início dos anos 1990, assim como no recente período de recessão econômica, de 2015 a 2016, e no atual, com a economia estagnada, de 2017 e 2018.

Analistas do mercado financeiro acreditavam que, com a queda da taxa básica de juros (Selic) os bancos seriam obrigados a baixar suas taxas e, com isso, haveria uma redução de lucros do setor.

Mas não foi o que ocorreu, como destaca a presidenta da Contraf-CUT, Juvandia Moreira. “A Selic caiu de 14,25% em outubro de 2016 para 6,5% ao ano atualmente, mas os bancos sempre inventam uma desculpa para manter suas taxas nas alturas. Além disso, eles agora passaram a ganhar mais também com as tarifas sobre serviços. Os lucros dos três maiores bancos privados do país continuam nas alturas”, diz a dirigente bancária, que é uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, que representa a categoria nas mesas de negociação com a Fenaban (federação dos bancos).

Em 2017, os ganhos dos bancos com tarifas de serviços bancários aumentaram 10% na comparação com o ano anterior, somando R$ 126,4 bilhões. Os valores sobem tanto que a inflação de serviços bancários, em 2017, foi de 8,96%: três vezes maior que a geral, de 2,95% (IPCA/IBGE).

É preciso observar que a receita dos bancos com tarifas de serviços é secundária, já que eles ganham muito mais com outras operações. “Essa é uma receita ínfima para os bancos, mas ela é maior do que o orçamento do governo federal para a Saúde (R$ 114,8 bilhões) e para a Educação (R$ 109 bilhões)”, observa Juvandia.

Forte concentração

Segundo a The Economist, a concentração do setor é uma das explicações para a grande lucratividade dos bancos brasileiros. O setor é dominado por cinco grandes bancos (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa, Itaú e Santander). O artigo destaca que a concentração tem aumentado nos últimos anos, após a compra do HSBC pelo Bradesco e das operações de varejo do Citibank pelo Itaú.

“Mas, essa não é o único motivo que leva ao grande lucro dos bancos no Brasil. Aqui, eles fazem o que querem. Aumentam suas tarifas indiscriminadamente, mantém spreads altíssimos, promovem a venda casada de produtos, exploram seus funcionários, estabelecendo metas abusivas de vendas e obrigando-os cumpri-las, sob o risco de perderem o emprego”, ressalta a presidenta da Contraf-CUT.

“Os bancos obrigam os funcionários a trabalharem todos arrumadinhos. Quem os vê trabalhando desta maneira não imagina a pressão que eles precisam suportar para cumprir as metas estabelecidas. Isso faz com que a categoria seja uma das que mais precisam se afastar de suas funções devido a doenças causadas pelo trabalho que realizam”, completou Juvandia, que também é uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, que representa a categoria nas mesas de negociação com a Fenaban (federação dos bancos), o sindicato patronal.

> Você sabe quanto ganham os diretores executivos do seu banco?

Juvandia Moreira lembra ainda que os problemas que afetam a categoria podem se ampliar após a aprovação da reforma trabalhista. “Lutamos pela manutenção dos direitos estabelecidos em nossa Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) e na antiga CLT. Os bancos estão com a faca e o queijo na mão e nos ameaçam com o corte de conquistas de décadas de luta. Mas eles lucram muito no Brasil e podem garantir aumento real para a categoria e manter todos os direitos. Os bancários precisam estar preparados para lutar por isso”, alerta Juvandia.

Assembleia na quarta 8

Os bancários, que tem data-base em 1º de setembro, estão em Campanha Nacional Unificada. Aumento real para salários e demais verbas, como PLR, VA , VR e auxílio-creche/babá estão entre as principais reivindicações de remuneração da categoria. Os bancários reivindicam ainda a manutenção dos direitos previstos na CCT e o fim das demissões, além de demandas de saúde e condições de trabalho.

> Campanha 2018: saúde dos bancários pede socorro

A Fenaban ficou de apresentar uma proposta global às reivindicações da categoria nesta terça-feira 7. Essa proposta será apreciada pelos bancários em assembleia no dia seguinte, na quarta-feira 8, a partir das 19h, na Quadra dos Bancários (Rua Tabatinguera, 192, Sé).

Veja como foram as negociações com a Fenaban
> 1ª rodada: Bancos frustram na primeira rodada de negociação
> 2ª rodada: Calendário de negociações foi definido
> 3ª rodada: Categoria adoece, mas Fenaban não apresenta proposta 
> 4 rodada: Bancos não se comprometem contra contratações precárias
> 5ª rodada: Bancos se comprometem a apresentar proposta no dia 7

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