No dia 25 de julho é comemorado o Dia Internacional da Mulher Negra Latino Americana e Caribenha. No Brasil, a data faz referência a Tereza de Benguela, líder quilombola, símbolo da resistência contra a escravidão, que somente foi reconhecida em 2014, pela então presidenta Dilma Rousseff.
Para rememorar a luta de Tereza e de todas as mulheres negras latino-americanas e caribenhas e por uma sociedade mais justa, igualitária e livre de preconceitos, o Sindicato dos Bancários de São Paulo, em parceria com a Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT) e CUT-SP, dedicarão o mês de julho para informar e debater o combate ao racismo nas redes sociais, com a campanha Julho das Pretas.
A abertura da programação ocorreu no dia 2, por meio de um debate virtual promovido pela CUT São Paulo com o tema Vida, Luta e Resistência da Mulher Negra.
Para a coordenadora do Coletivo de Combate ao Racismo do Sindicato, Ana Marta Lima, que mediou essa live, a luta das mulheres negras não se restringe somente a essa data (25), mas tem de acontecer todos os dias.
"Lutamos sempre por respeito, por espaços no mercado de trabalho, para a inclusão do negro em cargos de chefia e, além de tudo, pelo direito de viver, diz.
Menos direitos
De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as mulheres estudam por mais anos do que os homens. Ainda assim, entre pessoas de 25 a 44 anos de idade, o percentual de mulheres brancas com ensino superior completo (23,5%) é 2,3 vezes maior do que o de mulheres pretas ou pardas (10,4%).
Ao considerar cor ou raça, a desigualdade no atraso escolar se apresenta de forma considerável entre as mulheres: 30,7% das pretas ou pardas de 15 a 17 anos de idade apresentaram atraso escolar no ensino médio, enquanto que apenas 19,9% das mulheres brancas dessa mesma faixa etária estavam em situação semelhante.
As mulheres negras são ainda as que mais se dedicam aos cuidados de pessoas e afazeres domésticos, com 18,6 horas semanais. Mulheres estas que, em sua grande maioria, tentam conciliar estudos, carreira profissional e questões pessoais.
Para a secretária da Mulher da Contraf-CUT, Elaine Cutis, esses dados são reflexos das desigualdades sociais do país e não podem ser ignorados.
“Vivemos em pleno século 21 e não podemos mais permitir que as mulheres negras ainda sejam inferiorizadas pelo seu gênero e cor. Não podemos permitir que ainda tenhamos que conviver com o preconceito racial. Por isso, vamos dedicar todo o mês de julho com ações informativas e educativas para combater o racismo inspirados pela luta de Tereza de Benguela”, afirmou Elaine.
Sobre Tereza de Benguela
A heroína Tereza de Benguela, ou “Rainha Tereza”, é um ícone da resistência negra no Brasil Colonial. Nascida no século XVIII, ela chefiou o Quilombo do Piolho ou Quariterê, nos arredores de Vila Bela da Santíssima Trindade, no Mato Grosso.
Comandada por Tereza de Benguela, a comunidade cresceu militar e economicamente, resistindo por quase duas décadas, o que incomodava o governo escravista. Após ataques das autoridades ao local, Benguela foi presa e se suicidou após se recusar a viver sob o regime de escravidão.
A Lei nº 12.987/2014, foi sancionado pela presidenta Dilma Rousseff, como o Dia Nacional de Tereza de Benguela e da Mulher Negra.
Debates virtuais
Durante o mês de julho, o Coletivo de Combate ao Racismo participará de debates sobre o tema e convida as bancárias e bancários para enaltecer o Julho das Pretas. Além de plenária promovida pela CUTSP, haverá ainda a Iª Marcha Virtual Tereza de Benguela, que terá início no dia 24 de julho, à 00h e encerrará no dia 25, às 23h. Inscreva-se e participe!
"O debate precisa acontecer cotidianamente para que possamos despertar a atenção de mais pessoas. Por conta da pandemia, ele será virtual, e não menos importante. Já que a maioria dos mais vitimados pela Covid-19 são os negros, as mais prejudicadas com o distanciamento e desemprego atualmente, são as mulheres negras, e os afazares e cuidados domésticos neste momento são mais pesados para as mulheres negras", complementa Ana Marta Lima.
> Plenária de SP celebra Tereza de Benguela e o Dia da Mulher Negra