Pular para o conteúdo principal
Chapéu
UNI Americas

Reunião continental debate combate à violência de gênero

Linha fina
Sindicalistas de países das Américas reuniram-se para debater formas de implantação da Convenção 190 da OIT, que coíbe o assédio sexual no trabalho; representantes do Brasil denunciaram as desigualdades de gênero observadas no mercado de trabalho e os ataques aos direitos sociais e trabalhistas
Imagem Destaque

As mulheres representam 52% da população brasileira (108,3 milhões), mas ainda são minoria na força de trabalho, com participação de 45%, ante 55% dos homens.

Mais de 15 milhões de brasileiras estão subutilizadas no mercado de trabalho. Além disso, a remuneração real média delas (R$ 1.924) é 21% inferior a dos homens (R$ 2.442).

Do total de mulheres ocupadas no Brasil, 23,3% trabalham sem carteira de trabalho e 23,9% trabalham por conta própria, ou seja: quase metade das mulheres inseridas no mercado de trabalho não possui registro em carteira, o que dificulta a contribuição previdenciária. Das 40 milhões de mulheres ocupadas, mais de um terço declararam não estar contribuindo para a Previdência. Os dados são do IBGE, relativos ao primeiro trimestre de 2019.  

Sob este pano de fundo que comprova a injustiça social contra as mulheres no país, sindicalistas brasileiras reuniram-se com representantes de diversas nações do continente americano na 20ª Reunião do Comitê da UNI Americas Mulheres, em Montevidéu.

A UNI Americas é o braço continental da UNI Global, sindicato mundial que representa mais de 20 milhões de trabalhadores de 900 entidades do setor de serviços em diversos países do mundo, entre elas o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.

No encontro foi debatido o acompanhamento das políticas definidas na 5ª conferencia Mundial de Mulheres da UNI, realizada em Liverpool, em junho do ano passado.

Ataques neoliberais e novas tecnologias

Também foi discutida a conjuntura política e trabalhista na América Latina, que enfrenta uma onda de ataques sociais e trabalhistas, com destaque para o Brasil, que teve aprovada a reforma trabalhista e está lutando contra a aprovação da reforma da Previdência.

“Reforçamos a luta contra o aprofundamento das medidas neoliberais que visam a retirada de direitos trabalhistas e sociais, resistindo contra a aprovação da reforma da Previdência e da Medida Provisória [MP] 871, que acaba com as normas regulamentadoras de segurança do trabalho e da MP 881, que pretendia acabar com a possibilidade de folgar aos domingos e feriados, e permitirá abertura das agências bancárias aos sábados”, relata Neiva Ribeiro, vice-presidenta da UNI Mulheres.

“Denunciamos que o Congresso brasileiro é formado majoritariamente por homens brancos detentores do capital, do agronegócio, enquanto que a bancada de trabalhadores é muito pequena no Legislativo brasileiro, o que facilita muito a aprovação de medidas prejudiciais aos trabalhadores e contra as mulheres”, afirma Neiva, que também é secretária-geral do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.

Também foram debatidos os efeitos das novas tecnologias sobre o trabalho das mulheres, seus impactos no futuro do trabalho e nas formas de organização da classe trabalhadora.

Convenção 190 da OIT

Foram discutidas ainda formas de implementação da Convenção 190 da Organização Internacional do Trabalho, que coíbe a violência de gênero e o assédio sexual no ambiente de trabalho.

“Nós lutamos muito para construir essa convenção, e o Brasil teve bastante participação, inclusive por intermédio do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região e da Contraf-CUT, no começo e na elaboração deste projeto”, relata Neiva.

Amazônia

As representantes do Brasil também deram ênfase na questão da destruição da Amazônia. Será feita uma moção em defesa  do bioma.

“O que estamos presenciando tem reflexo não só no Brasil, mas na América Latina e no mundo. É uma política predatória de destruição de um dos principais ecossistemas do mundo, unicamente para garantir o enriquecimento de poucas pessoas que se valem do sistema econômico capitalista neoliberal”, afirma Neiva.

seja socio