Em negociação realizada nesta sexta-feira 26, a CEE/Caixa - que representa os empregados da Caixa nas negociações da Campanha Nacional Unificada dos Bancários (campanha salarial) - cobrou do banco uma proposta para a PLR Social, hoje ameaçada pelo governo federal e a atual direção da Caixa; e também medidas de combate ao assédio moral.
PLR Social
Na mesa de negociação, além de cobrar que o banco apresente uma resposta para a reivindicação com relação à PLR Social, a CEE/Caixa cobrou transparência e acompanhamento dos indicadores definidos pela Caixa e pela Sest (Secretaria de Coordenação e Governança das Empresas Estatais) para mensuração dos valores a serem pagos aos empregados.
Os representantes do banco alegam que a Sest impõe limites para o pagamento da PLR Social, e trouxeram para a negociação resoluções que existem há mais de vinte anos para tentar justificar cortes nos valores pagos aos empregados.
“Quando conquistamos o direito à receber a PLR, em 2003, a resolução mencionada pelos representantes da direção da Caixa já existia, e quando conquistamos a PLR Social, em 2010, também. O que mudou da época para os dias atuais foi a postura do governo e da direção da empresa, que agora se agarra à qualquer argumento para tentar impor perdas aos empregados”, diz o diretor-presidente da Apcef/SP, Leonardo Quadros.
Em 2020, a direção do banco rompeu com o negociado ao distribuir menos de 4% do lucro, o que gerou uma enorme indignação nos empregados. Em 2021, os trabalhadores fizeram um dia de greve, entidades ingressaram na justiça, e devido a esta mobilização o mesmo não ocorreu no ano passado.
"É preciso que estes indicadores tenham acompanhamento, sejam transparentes, para que seja possível analisarmos os cálculos", afirma Leonardo Quadros.
“Nós temos a mesa de negociação entre empresa e empregados e é esta deve ser respeitada. Entendemos a necessidade de respaldar a negociação em órgãos de controle, mas não de refletir o que negociamos em imposições de governo, ou não teríamos mais, por exemplo, a própria PLR Social”
Vivian Sá, dirigente do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, da Apcef/SP, e representante da Fetec-CUT/SP na CEE/Caixa
A CEE/Caixa espera que o banco traga para a próxima negociação, que deve ocorrer nesta segunda-feira 29, uma proposta para a PLR Social e global que respeite e valorize os empregados.
“A PLR Social é um instrumente de valorização e remuneração do empregado pela importante função social que desempenha na operação de programas sociais e políticas públicas do governo. Nos últimos anos, a direção da Caixa, como estratégia do governo federal, tenta acabar com esta importante conquista. Não abrimos mão da justa valorização através da PLR Social dos empregados da Caixa, que durante a pandemia mais uma vez deram exemplo de comprometimento com o país e sua população”
Tamara Siqueira, dirigente do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região
Assédio
A CEE/Caixa entregou aos representantes do banco a minuta de reivindicações relacionadas com a prevenção e o combate ao assédio moral. A Caixa analisará as propostas.
ACORDO COLETIVO DE TRABALHO ADITIVO À CONVENÇÃO COLETIVA DE TRABALHO 2022/2024
Minuta de proposta
CAPÍTULO XX – Prevenção e Combate a Assédio Sexual e Moral
Cláusula XX – DO REPÚDIO A ASSÉDIO
As partes signatárias deste Acordo Coletivo de Trabalho declaram repúdio a qualquer ato de assédio sexual e moral.
Parágrafo Primeiro. A empresa adotará política rigorosa de prevenção, coibição e repressão à ocorrência de assédio sexual e moral nos locais de trabalho por meio de regulamentação e procedimentos adequados.
Parágrafo Segundo. Para fins deste capítulo, são consideradas formas de assédio, além do sexual e moral, a discriminação racial, de gênero, opção religiosa e orientação sexual.
Clausula XX – PREVENÇÃO E COMBATE A ASSÉDIOS
As denúncias de assédios serão apuradas por uma comissão bipartite paritária, formada por representantes dos empregados indicados pela CONTRAF e pela Caixa, a ser instaurada no prazo de 10 (dez) dias a contar do recebimento da denúncia, que deverá ser formalizada por meio de correspondência específica, mantendo-se o sigilo cabível.
Parágrafo Primeiro. Caberá à Comissão averiguar o abuso de poder nas relações de trabalho e tomar medidas para coibir estas práticas, garantindo relações no trabalho onde predomine a dignidade e o respeito pelo trabalhador e a dignidade da pessoa humana.
Parágrafo Segundo. a CAIXA se compromete a efetuar a apuração completa de qualquer denúncia de assédio sexual e/ou moral, aplicando as penalidades cabíveis, quando for o caso, se comprometendo, ainda, a se abster de praticar qualquer ato tendente à retaliação contra o(a) denunciante/vítima.
Parágrafo Terceiro. a CAIXA fornecerá assistência médica e psicológica para a vítima.
Parágrafo Quarto. a CAIXA propiciará auxílio psicológico e retreinamento para os denunciados punidos, sem prejuízo das sanções devidas.
Parágrafo Quinto. O(a) denunciante e as testemunhas, que vierem a depor na apuração da denúncia, terão estabilidade durante o período que perdurar a investigação, sendo que, uma vez constatado o fato, a vítima terá sua estabilidade prorrogada por um ano.
Parágrafo Sexto. Durante a investigação ou mesmo depois de apurado o fato, a vítima/denunciante de assédio sexual ou moral poderá ser transferida do seu local de trabalho, apenas por livre escolha, desde que assegurada a manutenção da função e sua remuneração.
Clausula XX – CAMPANHA DE PREVENÇÃO E COMBATE AO ASSÉDIO
A CAIXA se compromete efetuar campanha trimestral contra o assédio sexual e moral no local de trabalho, em conjunto com as entidades sindicais.
Parágrafo único. A empresa garantirá para os gestores e trabalhadores um treinamento específico com orientações para prevenção e combate ao assédio e à discriminação: assédio moral e sexual, bem como ao combate à discriminação racial, gênero e orientação sexual, que será considerado como pré-requisito para novas nomeações às funções de gestão.
Saiba como foram as rodadas anteriores:
- Trabalhadores cobram apuração das denúncias de assédio
- Caixa se compromete a contratar mais empregados
- CEE/Caixa cobra medidas para combater o adoecimento dos empregados do banco
- CEE/Caixa reivindica acessibilidade atitudinal aos PCDs
- Caixa se nega a criar GT para discutir contencioso da Funcef
- Teletrabalho: Caixa faz proposta prejudicial aos empregados; CEE recusa
- Direção da Caixa propõe retirada de direitos, e empregados rejeitam
- Em negociação sem avanços, CEE/Caixa questiona campanha eleitoral ilegal
Saiba tudo sobre a Campanha dos Bancários 2022
Estamos na fase 4 da Campanha, assista ao vídeo: