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Em plenária, bancários do Itaú relatam clima de pânico e Sindicato reitera mobilização

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Em plenária, bancários do Itaú relatam clima de pânico e Sindicato reitera mobilização

Na noite de quarta-feira (24), o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região promoveu uma plenária virtual com trabalhadores do Itaú para discutir o futuro do home office no banco. O encontro reuniu relatos, denúncias e propostas diante do cenário de insegurança gerado pela recente demissão em massa promovida pela instituição.

O Itaú emprega atualmente cerca de 80 mil trabalhadores no Brasil, sendo que aproximadamente 35 mil atuam em regime híbrido ou totalmente remoto. No entanto, no dia 8 de setembro, o banco surpreendeu ao desligar cerca de mil bancários que trabalhavam nessas modalidades. A justificativa apresentada foi a suposta baixa produtividade identificada por meio de monitoramento de cliques e outras métricas de controle.

O Sindicato reagiu imediatamente, cobrando esclarecimentos, exigindo transparência nas avaliações e organizando protestos em locais de trabalho. Desde então, a entidade também pressiona pela reversão das demissões.

Questionamentos e mobilização

A presidenta do Sindicato, Neiva Ribeiro, abriu a plenária lembrando as ações já realizadas e apontando os riscos embutidos nas medidas do banco. "Será que por trás da demissão em massa está a intenção de acabar com o home office, acelerar a introdução da inteligência artificial, fechar locais de trabalho ou intensificar a reestruturação com demissões?", questionou. A partir dessa preocupação, Neiva reforçou aos bancários a importância da mobilização coletiva e reafirmou o apoio integral da entidade à categoria.

A dirigente Valeska Pincovai destacou as negociações conduzidas até aqui junto ao banco, com ênfase no direito à desconexão, fornecimento de equipamentos, transparência, respeito à LGPD e condições de saúde no trabalho remoto. Segundo Valeska, a instituição admitiu que não pretende contratar novos funcionários para substituir os demitidos.

A dirigente relatou também sua participação em audiência pública em Brasília, na terça-feira (23), sobre saúde e condições de trabalho dos bancários. O deputado federal Vicentinho (PT-SP) incluiu as demissões do Itaú na pauta. No encontro, com a presença de parlamentares, procuradores do trabalho e representantes da Fenaban, o Sindicato denunciou a postura do banco.

Qualidade de vida e insegurança

O dirigente Maikon Azzi lembrou que a maioria dos bancários aprova o home office, ressaltando a qualidade de vida proporcionada pelo modelo. Para ele, o desafio agora é garantir transparência e segurança para evitar mudanças sem diálogo prévio. Tanto ele quanto Valeska reforçaram que, até o momento, o banco não se manifestou junto ao Sindicato sobre o possível fim do trabalho remoto, havendo apenas boatos e manifestações isoladas de gestores.

Ainda durante a plenária, trabalhadores compartilharam experiências de insegurança e constrangimento. Muitos afirmaram que a vigilância aumentou após as demissões e que os questionamentos sobre produtividade desconsideram a natureza de diversas atividades, como testes de sistemas, rodagem de programas e períodos de raciocínio.

Houve ainda denúncias de alterações contratuais unilaterais. Bancários contratados em regime de full remote relataram que tiveram seus contratos padronizados com os de trabalhadores híbridos, o que gerou insegurança, ainda que continuem atuando remotamente.

Outro ponto levantado foi a demissão de bancários neurodivergentes. Para Maikon Azzi, o banco precisa rever esses desligamentos e adotar métodos de avaliação mais adequados no próximo acordo, já que o modelo atual é considerado falho.

Os bancários também manifestaram preocupação com o avanço da inteligência artificial no setor, destacando que a automação já ocupa cada vez mais espaço nas rotinas de trabalho. Essa tendência pode resultar na diminuição do quadro de funcionários, aumentando o risco de novas ondas de demissões.

Próximos passos

Ao término da plenária, o Sindicato informou aos participantes que reunirá todas as reclamações e reivindicações apresentadas pelos bancários. Em seguida, todas elas serão levadas para negociação com o Itaú. Junto a isso, o Sindicato seguirá mobilizado nas ruas e nas redes pressionando o banco a rever sua postura. Caso sofra algum desrespeito ou ameaça da parte do Itaú, informe o Sindicato por meio do Canal de Denúncias. Ele é seguro e anônimo.

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