O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região mantém a jornada de protestos contra as terceirizações promovidas pelo Santander. Nesta sexta-feira 14, o local das manifestações foi a avenida Paulista, um dos principais centros financeiros do país.
“Estamos dialogando com funcionários e clientes sobre os prejuízos gerados com as terceirizações. A unidade mais lucrativa do Santander está no Brasil, de onde sai 30% do lucro de todos os 26 países em que o Santander opera. Mas o banco espanhol trata os trabalhadores brasileiros de forma diferente do que trata na Espanha, onde os empregados não são terceirizados. Com a receita das contas PF e PJ o Santander paga quase 200% da folha de pagamento no Brasil. Todos os funcionários da rede de agências do Santander têm curso superior e certificação Anbima para atender os clientes com qualidade e respeito. E nós exigimos do Santander que pare as terceirizações e abra um canal de diálogo para debater contratações a fim de diminuir a sobrecarga de trabalho e prestar um atendimento melhor aos clientes.”
Wanessa de Queiroz, dirigente sindical e bancária do Santander
No início de outubro, o Santander iniciou mais um processo de terceirização. Na segunda-feira 3, os cerca de 1,7 mil funcionários da área de manufatura passaram a ser transferidos para outra empresa do grupo Santander, chamada “SX Tools”.
Os empregados do setor estão lotados em sua maioria no Radar, e agora estão sendo transferidos para o Conexão, onde vão prestar serviços para “SX Tools”.
Esta nova onda de terceirizações gerou reação do Sindicato, que desde o dia 5 vem realizado manifestações para dialogar com bancários e clientes. Na sexta-feira 7, os bancários paralisaram a sede do banco. O Conexão Santander e o Radar Santander foram palcos dos protestos na quinta-feira 6 e na sexta-feira 7.
Santander intensifica terceirizações
Desde meados do ano passado o Santander vem transferindo trabalhadores para outras empresas do grupo Santander, como STI, SX, Santander Corretora, F1RST, Prospera e, agora, SX Tools. Cada uma vinculada a um sindicato - uma forma de enfraquecer a organização dos trabalhadores do banco e retirar direitos.
“O banco Santander quer terceirizar áreas importantes como backoffice, sistemas e até mesmo os gerentes, que têm um papel importante na gestão das contas dos clientes, nas aplicações. [Com isso] o banco vai colocar em risco a vida financeira dos seus clientes. Estamos denunciando não só esse desmonte e desrespeito que o Santander vem fazendo nas áreas do banco, mas também dialogar com o cliente que nós queremos uma tarifa menor, uma taxa de juros menor. Hoje o protesto é na Avenida Paulista, mas em toda cidade e no Estado de São Paulo nós vamos conversar com os clientes, porque um banco que não respeita seu trabalhador e seu cliente também não merece o nosso respeito. Nós exigimos respeito aos bancários e bancárias do nosso país.”
Luiz Cláudio Marcolino, ex-presidente do Sindicato e deputado estadual eleito (PT-SP)
Menos direitos
Com a mudança para a SX Tools, os empregados do setor de manufatura perderão os direitos e conquistas da categoria bancária – uma das mais fortes e organizadas do país –, como a PLR e a jornada de seis horas.
PLR sem regras claras
Cada empresa terceirizada do Santander distribuirá aos seus empregados PLR com regras ainda desconhecidas e sem nenhuma negociação prévia com o movimento sindical bancário.
O Santander não quer uma PLR negociada com os trabalhadores, igualitária, justa e com regras claras. A intenção do banco é pagar aos empregados o valor que quiser e, com o discurso da meritocracia, privilegiar alguns em detrimento do conjunto dos trabalhadores.
Auxílio-creche/babá
O valor do auxílio-creche/babá da SX Tools será de R$ 411 por filho, por até 12 meses. A CCT bancária garante R$ R$ 602,81 por filho, até completar 71 meses.
Assembleia deu o recado
Em assembleia virtual, realizada na terça-feira 11, bancários e bancárias de todo o país expressaram sua rejeição ao processo de terceirização promovido pelo Santander. No recorte da base do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região, 98,16% dos trabalhadores que participaram da assembleia se disseram contra a terceirização; e 98,56% afirmaram que querem que o Sindicato dos Bancários continue a ser a sua entidade de representação sindical.
“Estamos cobrando do Santander uma mesa de negociação para reivindicar que todos os funcionários que atuam no grupo sejam representados pelo Sindicato dos Bancários”, enfatiza a dirigente sindical Wanessa de Queiroz.