
Em assembleia híbrida, com votação digital encerrada às 21h desta quinta-feira 9, os bancários demitidos pelo Itaú aprovaram, com 89,30% dos votos, a proposta de acordo conquistada pelo Sindicato a partir de mediação com o banco no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) da 2ª Região.
Foi realizada também reunião presencial com os bancários demitidos, às 16h, na sede do Sindicato, na qual diversos trabalhadores se manifestaram para esclarecer dúvidas e exercer seu direito de voz.
“A aprovação da proposta pelos bancários demitidos do Itaú evidencia a confiança na luta travada pelo Sindicato neste último mês. Foram diversas negociações, plenárias, protestos e paralisações para chegarmos na conquista deste acordo que, além de amparar os trabalhadores demitidos, passa um recado claro para todos os bancos: não aceitaremos demissões em massa de bancários, estando eles em regime presencial, home office ou híbrido”
Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários
“Agradeço a cada bancário e bancária que esteve com o Sindicato nesta luta vitoriosa. Este caso é mais uma prova de que só a luta coletiva nos garante”, acrescenta a diretora executiva do Sindicato e coordenadora da COE Itaú (Comissão de Organização dos Empregados do Itaú), Valeska Pincovai.
Proposta aprovada
Para bancários entre 0 e 23 meses de banco:
Piso de 4 salários + valor fixo de R$ 9 mil + 13ª cestaalimentação.*
Para bancários a partir de 24 meses de banco:
Piso de 6 salários + ½ salário por ano trabalhado, com teto de 10 salários + valor fixo de R$ 9 mil + 13ª cestaalimentação.*
*Em ambos os grupos, bancários que possuem financiamento imobiliário junto ao Itaú terão mantidas as condições diferenciadas
Adesão
A adesão ao acordo não é automática e nem mesmo obrigatória. O bancário interessado deve fazer a sua adesão individual, no prazo de até 6 meses da presente data. A adesão ao acordo pressupõe a quitação total do contrato de trabalho.
Será enviada comunicação aos bancários elegíveis ao acordo com as instruções de como fazer a adesão, se assim desejarem.
Caso o bancário não receba a comunicação, ele deve entrar em contato com o Sindicato por meio da Central de Atendimento (11 3188-5200), que funciona de segunda a sexta, das 9h às 18h.
Relembre a luta
Em 8 de agosto, o Sindicato foi surpreendido com a demissão em massa de cerca de mil bancários que atuavam em home office ou modelo híbrido no Itaú. O banco expôs, publicamente, que as demissões foram justificadas pelo monitoramento de cliques e outras ações nos equipamentos dos trabalhadores, e motivadas por alegada baixa produtividade no home office.
Desde a demissão em massa, o Sindicato amparou os trabalhadores, colocando seus departamentos Jurídico e de Saúde a disposição dos mesmos, com plantões de atendimento; e denunciou que os bancários não tinham conhecimento do monitoramento e seus critérios; não receberam feedback prévio; o monitoramento não levou em consideração espeficidades de cada área; trabalhadores promovidos e premiados foram demitidos; a demissão não foi previamente comunicada ao Sindicato, desrespeitando o processo negocial; e que os demitidos foram expostos pelo banco de forma vexatória.
Logo no dia seguinte da demissão em massa, o Sindicato realizou a primeira reunião com o banco e questionou a falta de transparência nas medidas adotadas, a ausência de negociação com o movimento sindical e de feedbacks prévios aos trabalhadores.
Foram realizadas diversas negociações posteriores, algumas intermediadas pela Fenaban (federação dos bancos), e, diante da resistência do banco, o Sindicato solicitou a mediação no TRT, com audiências realizadas nos dias 1, 3 e 6 de outubro. Nesta última, foi conquistada a proposta agora aprovada pelos bancários demitidos.
Durante este processo, o Sindicato realizou plenárias com os bancários demitidos e também com trabalhadores da ativa, para debater o futuro do home office; protestos e paralisações em concentrações do Itaú; além de um intenso trabalho junto à imprensa e opinião pública para contrapor a narrativa do banco de que os demitidos “não trabalhavam”.
“Foi um mês de muita luta e intensas negociações para conquistarmos a proposta agora aprovada pelos bancários demitidos do Itaú. Ainda assim, o Sindicato reafirma a sua indignação e repúdio com relação à demissão em massa e a forma como a mesma foi conduzida pelo Itaú, reforçando também que a mobilização em torno do futuro do home office, da privacidade e transparência em ferramentas de monitoramento, seguirá até que todos os trabalhadores do ramo financeiro, não só do Itaú, tenham seus direitos assegurados”, conclui a presidenta do Sindicato.
Ações do Sindicato
- Departamento Jurídico e de Saúde do Sindicato à disposição dos bancários demitidos, com realização de plantões de atendimento;
- Atuação junto à opinião pública para contrapor a narrativa do banco sobre os bancários demitidos;
- Mesas de negociação com o banco, que se iniciaram no dia seguinte da demissão em massa;
- Protestos no CEIC, CT e BBA;
- Paralisações no CEIC, CT e BBA;
- Plenárias com trabalhadores demitidos sobre a mobilização;
- Plenárias com trabalhadores que seguem no banco sobre o futuro do home office;
- Mediação no TRT, solicitada pelo Sindicato;
- Plenária para esclarecimento sobre a proposta;
- Assembleia híbrida para deliberação da proposta pelos bancários demitidos.
