São Paulo – A mesa de negociação da Comissão Bipartite de Saúde do Trabalhador, realizada na terça-feira 28, terminou sem avanços. A Fenaban (federação dos bancos) pediu mais tempo para que os bancos analisem a composição do formulário da pesquisa que se propõe a avaliar a efetividade do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO), regulamentado pela Norma Regulamentadora (NR) 7 do Ministério do Trabalho e Emprego e previsto na cláusula 67ª da Convenção Coletiva de Trabalho, que tem como foco central políticas de prevenção.
“A sensação é de frustração. A Fenaban, mais uma vez, veio para a mesa de negociação despreparada, sem respostas para as nossas reivindicações, já apresentadas anteriormente. Como sempre, diz que tem de consultar os bancos. Porém, ela já deveria ter feito isso. Estão empurrando com a barriga. Tínhamos grande expectativa em avançar nas questões de saúde, tema de enorme interesse da categoria. Fechamos o ano frustrados com a forma desrespeitosa como a Fenaban encara o processo negocial. E isso nos empurra para a mobilização. Nossa resposta será a pressão. Vamos buscar todos os caminhos para que seja efetivada nos bancos uma política de gestão que de fato combata o assédio moral e o adoecimento”, destaca o secretário de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato, Carlos Damarindo.
Os representantes dos bancos negaram ainda a criação de um grupo de trabalho específico para discutir a pesquisa sobre os serviços médicos das instituições financeiras.
“Eles haviam se comprometido a criar um grupo de trabalho para acelerar o processo de criação do formulário. Nossa avaliação é que, com essa recusa, eles querem retardar a realização da pesquisa, ferramenta fundamental para solução de um problema que tem causado inúmeros conflitos e dificuldades para os bancários”, afirmou Walcir Previtale, secretário de Saúde do Trabalhador da Contraf-CUT.
Afastamentos – Os afastamentos de bancários também foram debatidos. Os trabalhadores propuseram iniciar 2018 com uma discussão para analisar as causas do adoecimento da categoria e propor políticas preventivas. “Sempre que fazemos pesquisa com a categoria, a saúde entra como um tema central e para a gente também é. Queremos chegar de fato num objetivo comum, que é a atuação na prevenção desses problemas que causam adoecimento dos bancários”, explicou Adriana Nalesso, representante do Comando Nacional dos Bancários.
Luciana Duarte, representante da Fetrafi-MG, também lembrou que o tema saúde do trabalhador figurou como item importante na consulta feita à categoria na última Campanha Nacional. “É muito preocupante o crescimento no número de adoecimento mental, infartos e até suicídios na categoria.”
Os dois assuntos voltam à pauta na próxima reunião, que será realizada em 2018. Os bancos ficaram de trazer suas ponderações quanto à proposta de questionário, com 21 questões, entregue pelos bancários em maio de 2017. Já os representantes dos trabalhadores trarão números tabelados de afastamentos, reivindicando que os bancos também apresentem seus números.
Leia mais:
> Bancos não avançam em debate sobre combate ao assédio moral