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Chapéu
Dia Nacional de Luta

Sindicato paralisa CAT Itaú contra demissões e terceirização, e arranca compromisso do banco

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O Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região paralisou nesta quarta-feira 15 o Centro Administrativo Tatuapé do Itaú (CAT), em um ato que integrou o Dia Nacional de Luta promovido em diversos estados do país e até na Colômbia contra as demissões promovidas pelo banco nas últimas semanas.

A manifestação desta quarta-feira 15 ganhou uma motivação extra: o anúncio, feito na segunda-feira 13, da terceirização da Central 30 horas, onde trabalham cerca de 600 bancários, responsáveis pelos atendimentos dos segmentos Central Agências, Uniclass e Personnalité.

A paralisação deu resultado. Por meio da sua área de relações sindicais, o Itaú se comprometeu a não demitir bancários da Central 30 horas até o fim de fevereiro, e assumiu compromisso de estruturar um processo de realocação dos bancários da central.

“O Sindicato se manterá alerta, atuante e acompanhará este processo a fim de garantir que os bancários sejam de fato realocados para outros departamentos, como foi informado pelos representantes do banco. E novos protestos e paralisações serão realizados caso o Itaú não cumpra com o que nos foi informado.”

Sérgio Lopes, o Serginho, dirigente sindical e bancário do Itaú

‘Sentimento tão ruim no peito’

O anúncio da terceirização da Central 30 Horas instaurou um clima de pânico entre os funcionários. “Uma das mais longas noites que já vivi. Um sentimento tão ruim no peito”, lamentou uma bancária.

“Absurdo. Em pleno fim de ano. Estamos em choque, que presente de Natal”, desabafou outro trabalhador. “Como podem dar essa notícia e mandarem a gente atender normal?”, questionou outra funcionária.

Centro de realocação é cobrança permanente do Sindicato

A implantação de um Centro de Realocação para que os trabalhadores afetados por reestruturações possam continuar empregados é uma reivindicação permanente da Comissão de Organização dos Empregados (COE), da qual o Sindicato integra e que representa os trabalhadores do Itaú nas negociações frente ao banco.

“Um banco que lucrou R$ 19 bilhões só entre janeiro e setembro de 2021, e onde a sobrecarga de trabalho e o acúmulo de funções é a realidade na maioria dos departamentos, não tem justificativa alguma para demitir e terceirizar seus funcionários. Isto mostra a total falta de responsabilidade social do Itaú com o Brasil e com a sua população”, afirma Serginho.

Sindicato sempre atuou contra terceirização

Por entender que a terceirização representa precarização do trabalho e redução salarial, o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região – junto com a CUT e demais sindicatos filiados à central sindical – sempre foram radicalmente contra a terceirização, tendo promovido inúmeros protestos e atividades contra a implantação deste tipo de regime de trabalho ao longo dos últimos anos.

Estudo feito pela CUT e pelo Dieese, com base nos dados da Rais (Relação Anual de Informações Sociais), mostra que o terceirizado ganha, em média, 24,7% a menos que o empregado direto, tem carga horária 7,5% maior, permanece menos da metade do tempo do trabalhador direto no emprego e fica mais suscetível a acidentes de trabalho, visto que a cada dez acidentados, oito são funcionários indiretos.

Reforma trabalhista para retirar direitos

A reforma trabalhista que legalizou a terceirização foi promulgada em julho de 2017, e entrou em vigor em novembro do mesmo ano, com a promessa de gerar 6 milhões de empregos.

“Foi uma lei claramente concebida para satisfazer os interesses dos empresários, e aprovada na sequência do golpe parlamentar de 2016, que voltou a colocar no poder um governo absolutamente neoliberal. Políticas neoliberais sempre resultam em ataques aos direitos dos trabalhadores e da população. É só ver o resultado da própria reforma trabalhista, que, passados mais de quatro anos da sua aprovação, gerou apenas trabalho precário, desemprego e informalidade, haja vista os mais de 13 milhões de desempregados atuais, segundo o IBGE.”

Serginho Lopes, dirigente sindical e bancário do Itaú

“Por isto, é de total importância que os trabalhadores participem do debate político e do processo eleitoral, e se informem sobre as propostas dos candidatos a presidente, a deputados e a senadores nas próximas eleições, sob risco de terem ainda mais direitos retirados”, finaliza o dirigente.

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