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Chapéu
LGBTfobia

Presidente Jair Bolsonaro afirma que pautas LGBT “destroem a família”

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O presidente da República, Jair Bolsonaro fala à imprensa no Palácio da Alvorada

O presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a tecer comentários de teor homofóbico nesta segunda-feira 10, quando afirmou que as pautas LGBTs são usadas contra ele como forma de desgaste ao governo e constituem uma forma de “destruir a família”.

“Tem LGBT que conversa comigo sem problema nenhum. Tem muita gente que a gente descobre que é depois, e o cara tinha um comportamento completamente normal, e não tem problema nenhum. Isso tudo são pautas para desgastar. Uma das maneiras de você dominar o povo é você destruir a família com essas pautas”, disse.

“Nós temos famílias. E exigimos respeito. Não queremos destruir a família de ninguém. O que destrói as famílias é o ódio, a violência, o preconceito sempre propagados pela verborragia do presidente Bolsonaro.”

Anderson Pirota, dirigente do sindicato e Coordenador do Coletivo LGBT da entidade

Para Pirota, a declaração de Bolsonaro é mais um reflexo da LGBTfobia institucional que orienta e fundamenta a sociedade brasileira.

“Ao proferir tal afirmação, Bolsonaro está legitimando a desumanização, o apagamento de existências e o encarceramento de corpos LGBTQIA+ e, ainda, dificultando o acesso dessas pessoas à cidadania, ao emprego, a universidade, a moradia, saúde e segurança que são direitos básicos previstos na Constituição Federal de 1988”, afirma.

A declaração de Bolsonaro, em referência ao termo antigo da sigla atual LGBTQIA+, foi feita durante entrevista ao canal Jovem Pan News.

A sigla LGBTQIA+ representa as comunidades de pessoas que não se se sentem enquadradas nas normas binárias de gênero e sexo, tradicionalmente marginalizadas e excluídas da representatividade social, além dos grupos originais da sigla: lésbicas, gays, bissexuais e transgênero.

Violência contra comunidade LGBTQIA+

Levantamento da Acontece Arte e Política LGBTI+ e Grupo Gay da Bahia divulgado em 14 de maio de 2021 registrou a ocorrência de 237 mortes violentas de LGBTs (lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais) em 2020 no Brasil. Foram 224 homicídios (94,5%) e 13 suicídios (5,5%).

A entidade, que faz anualmente o levantamento dessas mortes desde 1980, aponta que houve pela primeira vez o aumento das mortes de travestis e mulheres transsexuais no ano passado em relação a 2019.

Foram assassinados em 2020 161 travestis e mulheres transsexuais (70%), 51 gays (22%), 10 lésbicas (5%), 3 homens transsexuais (1%), 3 bissexuais (1%) e 2 homens heterossexuais confundidos com gays (0,4%). Em relação ao número total de mortes violentas de pessoas LGBT+, 2020 apresentou redução ante ao ano anterior. Em comparação com o ano de 2019, a redução foi de 329 para 237, queda de 28%.

“É vergonhoso e desumano para o país carregar essa triste marca sendo o país que mais mata LGBTQIA+ no mundo. Infelizmente, na campanha eleitoral para presidente em 2018, assistimos às falas mais estapafúrdias do candidato Bolsonaro, hoje presidente da República, destilando todo o seu ódio e reforçando o preconceito contra a população LGBT. De lá pra cá, nada mudou, não há se quer por parte do poder executivo federal uma política afirmativa de proteção à população LGBT”.

Anderson Pirota, dirigente do sindicato e Coordenador do Coletivo LGBT da entidade

“Ideologia de gênero”

Na mesma entrevista ao canal Jovem Pan News, Bolsonaro ainda celebrou o fato de que as pautas que chamou de “ideologia de gênero” ficaram sob relatoria do novo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) André Mendonça, o que caracterizou como “sorte”. O ministro foi o nome escolhido pelo presidente para a vaga que ele tinha prometido como de um magistrado "terrivelmente evangélico" para a Corte.

“Urgente e necessário que ampliemos o debate sobre a ‘família’ para além da família tradicional, e que este debate atinja as universidades, os locais de trabalho, os bancos e as nossas comunidades.”

Anderson Pirota, dirigente do sindicato e Coordenador do Coletivo LGBT da entidade

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