Desde primeiro de março o Santander não disponibiliza mais transporte entre o centro administrativo Radar (Casa 1) e as estações Santo Amaro (Linha 5 Lilás do Metrô e 9 Esmeralda da CPTM) e Conceição (Linha 1 Azul do Metrô). Também acabou com o traslado do Geração Digital (Casa 3) até a parada Conceição, mas manteve o deslocamento daquela concentração até a estação Jurubatuba (Linha 9 Esmeralda CPTM).
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Diante de mais esse retrocesso para os funcionários do banco espanhol, o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região entrou em contato com a instituição financeira, que se limitou a dar uma resposta evasiva informando que o traslado para o Radar será mantido apenas para os trabalhadores com deficiência.
“É uma decisão que impacta diretamente sobre o bem estar e a segurança dos trabalhadores, já que o Radar está localizado em uma área perigosa. As vans foram implantadas após mobilização dos funcionários que sofriam com frequência casos de violência como assaltos, sequestros relâmpagos e até mesmo tentativa de estupro”, relata Silmara Silva, dirigente sindical e bancária do Santander.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, apenas em 2018 a delegacia de Santo Amaro, que circunscreve a região onde está localizado o Radar, registrou 4.066 furtos, 2.387 roubos, 789 furtos de veículos, 27 estupros e cinco homicídios.
“No horário da manhã, quando é muito cedo, e depois das 18h, quando escurece, é muito perigoso, acontecem assaltos. A van era disponível a cada 5 minutos. Era um benefício bom e os bancários estão sentindo falta. É complicado ter um benefício e não ter mais”, lamenta uma bancária do Radar.
Essa não é a primeira vez que o Santander tenta interferir no transporte dos funcionários. O banco espanhol já eliminou os fretados na Sede Torre Santander e tentou ditar os itinerários de deslocamento dos bancários do Vila Santander visando economizar com o valor das passagens de transporte público. Essas medidas foram adotadas por um banco que lucrou R$ 12 bilhões em 2018, crescimento de 24,6% apenas em relação a 2017.
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A decisão de cortar o traslado até o Metrô Conceição também gerou transtornos e indignação nos funcionários do Geração Digital, localizado no distante bairro de Interlagos, na zona sul de São Paulo.
"Para a gente é complicado. Eu, por exemplo, fui contratado para trabalhar na Torre, mas fui transferido para o Casa 3 e o facilitador era o ônibus até o [Metrô] Conceição. Para mim e para muita gente que foi contratada para trabalhar em Interlagos sob essa condição. E agora acabou. A gente vê como falta de respeito. É lucrar acima de tudo”, opina um funcionário do Geração Digital.
“Não falta dinheiro para disponibilizar transporte decente para os trabalhadores que constroem o resultado do banco. Cobramos a revisão dessa medida e a manutenção do traslado entre a estação Santo Amaro e o Radar, que ficou sem qualquer transferência para a CPTM e o Metrô. É uma questão de segurança e também humanidade para com os trabalhadores que geram o lucro do banco. Estamos recebendo uma grande quantidade de reclamações. E os bancários devem se mobilizar em torno dessa reivindicação, já que foi justamente a mobilização dos empregados que arrancou do banco a implantação do transporte até a estação Santo Amaro”, finaliza Roberto Paulino, dirigente sindical e bancário do Santander.