O presidente Jair Bolsonaro ordenou que o Banco do Brasil retirasse do ar uma campanha publicitária estrelada por atores e atrizes negros e jovens tatuados usando anéis, dreadlocks e cabelos compridos.
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A peça não agradou o presidente por ter "diversidade demais", segundo o blog de Lauro Jardim, em O Globo. A ingerência acarretou na perda do cargo pelo diretor de Comunicação e Marketing do BB, Delano Valentim.
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“É um retrocesso ao debate de promoção da diversidade e igualdade que cobramos de todo o sistema financeiro. Vai na contramão da nossa mesa de Igualdade de Oportunidades. Na última Campanha Nacional conquistamos a realização do 3º Censo da Diversidade, que terá como complemento um programa de capacitação da categoria sobre questões de diversidade”, diz a presidenta do Sindicato, Ivone Silva.
A dirigente explica que a censura traz prejuízos para o BB. “Se analisarmos o posicionamento de grandes marcas, veremos que a peça do BB segue a tendência de mercado. Por uma questão pessoal, o presidente ignora as necessidades de comunicação.”
“Uma atitude impensada como essa, somada às declarações privatistas do presidente do BB, nos leva a perguntar se o objetivo não é desmontar o banco?”, questiona Ivone.
De acordo com dados a que Georges Marques, jornalista da Revista Fórum, teve acesso, o resultado inicial no dia seguinte ao lançamento da campanha censurada, 10 de abril, foi o maior de 2019 para a comunicação do BB, com mais de 5 mil contas abertas, 13 milhões de visualizações e 5 mil comentários no YouTube nas primeiras 24 horas.
“O Sindicato repudia essa censura, que desrespeita a população, traz prejuízos para o banco e ataca funcionários, uma vez que afasta do BB potenciais clientes. O governo já afirmou que publicidades das estatais passarão por aprovação do Planalto. Nosso papel, enquanto movimento sindical bancário, será combater retrocessos e defender os bancos públicos de tão irresponsável ingerência”, conclui Ivone.