Na última semana, veio a público a retirada do ar de uma campanha publicitária do Banco do Brasil, ordenada diretamente pelo presidente Jair Bolsonaro. O vídeo era voltado para o público jovem e estrelado majoritariamente por negros e negras. O episódio acarretou na queda de um diretor do banco.
No sábado, o presidente do BB, Rubem Novaes, em resposta à reportagem da BBC News Brasil, defendeu o veto. No comunicado, Novaes afirma, ao tentar criticar a esquerda brasileira, que “o ‘empoderamento’ de minorias era o instrumento acionado em diversas manifestações culturais (...), onde se procurava caracterizar o cidadão ‘normal’ como a exceção”.
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“Essa discussão vai muito além de qualquer debate sobre ‘esquerda’ ou ‘direita’. É uma questão de defender, por exemplo, igualdade de oportunidades. Queremos negros e negras não só na propaganda, mas também conseguindo cargos e promoções com critérios objetivos, como já vimos defendendo inclusive nos acordos coletivos”, afirmou o secretário de Assuntos Jurídicos do Sindicato, João Fukunaga. “Além disso, temos que questionar esta expressão desastrosa usada por Novaes. O que é o ‘cidadão normal’? O filho do general Mourão, que foi promovido de cara logo no início deste governo?”, questionou.
Fukunaga ressalta que a fala de Novaes, ao reduzir as conquistas da classe trabalhadora a “empoderamento de minorias”, ignora avanços reais dos bancários nos últimos anos.
“Tivemos ampliação nas licenças maternidade e paternidade, fundamentais para a chegada do novo membro da família; o reconhecimento da união homoafetiva, para garantir direitos a todas as configurações familiares; a cláusula 48 do Aditivo do BB, na qual o banco se compromete a ampliar as políticas de promoção de equidade de gênero; e uma série de outros dispositivos sérios para melhorar a vida do trabalhador”, esclareceu.