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Chapéu
#ChegaDeAgrotóxico

O veneno está diariamente no seu prato

Linha fina
Brasil é campeão mundial de uso de veneno no campo e se depender da bancada ruralista no Congresso Nacional, nível de pesticida na mesa dos brasileiros aumentará mais; em feira do MST, entidades lançam campanha por agroecologia
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Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

São Paulo - Os brasileiros consomem, em média, 5,2 kg de agrotóxico por ano. O dado – de 2016, do Instituto Nacional do Câncer (Inca) – torna o país campeão mundial em utilização de veneno no campo, ultrapassando a marca de 1 milhão de toneladas ao ano. Para servir de comparação, a média de consumo nos EUA, em 2012, era de 1,8 kg por habitante.

O Inca alerta que o uso intensivo dessas substâncias, altamente cancerígenas, resulta em poluição ambiental e intoxicação de trabalhadores rurais e da população em geral. E explica: os agrotóxicos não estão presentes apenas em alimentos in natura, mas também nos processados, como biscoitos, salgadinhos e pães, e ainda nas carnes e leite de animais que se alimentam de rações com traços de pesticidas.

Mais veneno – Essa realidade alarmante pode se tornar ainda pior caso a bancada do agronegócio aprove o chamado “pacote do veneno”, em tramitação no Congresso e que inclui dois projetos de lei: o PL 3.200/2015, do deputado Covatti Filho (PP-RS), e o PL 6.299/2002, do então senador Blairo Maggi, conhecido como o “rei da soja” e atual ministro da Agricultura do governo Temer.

O PL 3.200 prevê a substituição do termo “agrotóxico” por “fitossanitário”, e a criação de uma comissão – sem a participação de consumidores, Anvisa ou Ibama – para elaborar pareceres técnicos e conclusivos aos pedidos de avaliação de novos “produtos defensivos fitossanitários”. O PL 6.299 altera regras para pesquisa, produção, rotulagem e controle do uso de agrotóxicos. Se aprovado, por exemplo, a embalagem desses produtos deixará de ter a presença da caveira, símbolo de veneno.

Alimento saudável – Como contraponto a essa ameaça, entidades de defesa do meio ambiente, do consumidor e do trabalhador rural lançaram oficialmente, no dia 6, o site #ChegaDeAgrotóxicos, durante a II Feira Nacional da Reforma Agrária, organizada pelo Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). O evento, realizado de 4 a 7 de maio, no Parque da Água Branca, em São Paulo, reuniu a diversidade da produção de alimentos orgânicos (sem o uso de venenos agrícolas) de acampamentos e assentamentos do MST em todo o país, e atraiu cerca de 170 mil pessoas.

A plataforma online visa ampliar a luta contra o “pacote do veneno” e também coletar assinaturas pela aprovação do PL 6670/2016, que institui a Política Nacional de Redução de Agrotóxicos (PNaRA), uma iniciativa da sociedade civil, que propõe mais de 100 medidas para reduzir os agrotóxicos no Brasil. Segundo  Alan Tygel, coordenador da campanha, já está em formação na Câmara a comissão que analisará o PNaRA.

Uma das apoiadoras, a chef de cozinha e apresentadora Bela Gil, apontou a concentração de terras no campo e o oligopólio de sementes transgênicas como alguns dos responsáveis pelo uso abusivo de veneno na produção agrícola. “A população precisa entender a importância da reforma agrária como lógica que permite outro modelo mais saudável de produção", disse ela, em palestra na feira.

Para assinar a campanha pela aprovação do PNaRA, basta acessar o #ChegaDeAgrotóxicos.

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