Pular para o conteúdo principal
Chapéu
Banco do Brasil

Bolsonaro desiste de ir a jantar em Nova Iorque

Linha fina
Evento da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, que ninguém quis sediar e entregaria uma honraria ao presidente, teria verba de US$ 12 mil (R$ 47,5 mil) do Banco do Brasil para uma mesa com dez lugares
Imagem Destaque
Arte: Thiago Akioka

Depois de repercussões negativas em série, Jair Bolsonaro desistiu de viajar à Nova Iorque para receber uma honraria a ser entregue pela Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos (Amcham) em um jantar que ninguém quis sediar. Ainda não há confirmação se o evento seerá ou não realizado em outra localidade. O anúncio da desistência foi feito por meio de uma nota escrita na sexta-feira 3 pelo porta-voz da Presidência, Otávio do Rêgo Barros.

Na mesma data, reportagem do jornal Folha de S.Paulo anunciou que a direção do BB concordou em pagar US$ 12 mil (R$ 47,5 mil) e ser um dos patrocinadores do evento. Este seria o segundo caso do mau uso de verbas públicas no Banco do Brasil desde que Jair Bolsonaro assumiu a Presidência da República. O primeiro foi o desperdício de dinheiro com a retirada arbitrária do ar de campanha publicitária acertiva que investia no público jovem.

> Por histórico de intolerância, Bolsonaro enfrenta protestos nos EUA

Segundo o jornal, a verba do banco seria utilizada para custear uma mesa com dez lugares. “É a primeira vez que o BB participa do evento como patrocinador. Embora seja sócio da câmara de comércio, o Banco do Brasil não esteve entre os apoiadores do jantar nos últimos anos, quando outras pessoas foram homenageadas.”, dizia um trecho da reportagem.

O rega-bofe tornou-se bastante indigesto para o atual governo. O jantar foi cancelado pelo Museu de História Natural de Nova Iorque após posicionamento contundente no Twitter do prefeito da cidade, o democrata Bill de Blasio, que chamou Bolsonaro de “ser humano perigoso”. A segunda opção, o luxuoso restaurante Cipriani, também se negou a sediar o evento. Nos últimos dias, a companhia aérea Delta, a consultoria Bain & Company e o jornal Financial Times, que haviam decidido apoiar financeiramente o evento, também recuaram. E Bill de Blasio voltou a usar as redes para atacar Bolsonaro.

“O atual governo brasileiro, com sua revisão na política de patrocínios, pretende cortar verbas públicas do Banco do Brasil para a cultura e o esporte, prejudicando, entre outros, cinema, festivais, exposições e o vôlei de quadra e de praia campeões olímpicos. Mas tem dinheiro de banco público para patrocinar um jantar no exterior de interesse particular do presidente, e não do interesse social do país”, critica Ivone Silva, presidenta do Sindicato.

“Primeiramente, a retirada da peça publicitária do ar com atrizes e atores negros e jovens é um retrocesso ao debate de promoção da diversidade e igualdade que sempre cobramos enquanto entidade representativa dos bancários e das bancárias. É bom lembrar que a categoria bancária tem uma luta histórica na mesa de Igualdade de Oportunidades e pelo Censo da Diversidade, entre outros. E agora, o dinheiro público do BB seria utilizado para promover Bolsonaro e bancar um jantar cheio das pompas. Enquanto isso, os ataques ao Banco do Brasil continuam pelo atual governo, por meio de um sucateamento proposital que atinge não só funcionários e clientes, mas também todo o povo brasileiro”, acrescenta João Fukunaga, diretor do Sindicato e funcionário do BB.

> Bolsonaro derruba diretor do BB por campanha com negros e negras
> Bolsonaro faz apologia à exploração sexual de brasileiras

seja socio