Durante café da manhã com jornalistas, na quinta 25, o presidente da República disse que o Brasil não poderia ser “um país do mundo gay, de turismo gay. Temos famílias.” Para em seguida acrescentar: “quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade”.
A declaração repercutiu na imprensa e nas redes sociais e foi apontada como criminosa por autoridades. A governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra (PT), foi uma das que se manifestou.
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No Twitter, ela disse: “O @governodorn repudia qualquer tipo de exploração sexual. Se você presenciar, denuncie. Disque 100. Basta de violência contra a mulher”. E divulgou campanha recém-criada pelo governo para combater o turismo sexual: “O RN está à disposição dos turistas. A mulher potiguar, não”.
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Motivado pela fala de Bolsonaro, o governo do Maranhão também lançou peça publicitária na internet: “São João está chegando e o Maranhão já está de portas abertas a todos os turistas. Mas as portas estão fechadas para a exploração da mulher, que merece respeito sempre nos quatro cantos do país”. Pelo Twitter, o governador Flávio Dino (PCdoB) criticou: “Dizemos não à propaganda de turismo sexual”.
O governo do Piauí também divulgou peça publicitária em que afirma: “O Piauí recebe todos de braços abertos para conhecer nossas paisagens naturais e saborear o melhor da nossa gastronomia. Mas saiba que repudiamos todo e qualquer tipo de exploração sexual”.
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O Brasil é um dos destinos mais procurados no circuito do turismo sexual no mundo. Segundo levantamento da empresa Axur, em 2015 havia 3.350 sites, em diversas línguas, associando o Brasil à pornografia ou vendendo o país como um bom destino para o turismo sexual, inclusive com crianças e adolescentes.
“É inaceitável que o próprio presidente da República faça apologia à exploração sexual das brasileiras. O turismo sexual e a violência contra a mulher devem ser combatidos, e a fala de Bolsonaro é criminosa”, afirma a secretária-geral do Sindicato, Neiva Ribeiro.
Neiva lembra que o respeito às pessoas, independentemente de gênero, orientação sexual ou raça é uma das bandeiras de luta mais importantes do Sindicato. “Nunca seremos uma democracia enquanto os índices de feminicídio e de violência contra mulheres e LGBTs estiverem entre os mais altos do mundo”, destaca.
“Lutamos para ter igualdade e viver sem violência, lutamos pela nossa auto estima, para que a imagem de nosso país não nos estigmatize. Lamentamos essa declaração e apoiamos todas as manifestações contrárias a ela e em favor do empoderamento das mulheres e das minorias.”
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