O Sindicato dos Bancários de São Paulo está atuando em diversas frentes para que os bancários sejam excluídos do rodízio ampliado de veículos particulares em São Paulo, instituído pelo prefeito Bruno Covas, que começou a valer na segunda 11. Além de ter enviado ofício à Prefeitura, ingressado com mandado de segurança no Tribunal de Justiça do Estado para garantir que os bancários possam usar seus carros particulares para ir e voltar do trabalho, a entidade tem procurado vereadores da capital paulista para que atuem junto à Prefeitura pela exclusão da categoria do rodízio. Uma destas vereadoras, que já está comprometida com a reivindicação dos bancários, é Juliana Cardoso (PT).
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“Como os bancários, enfermeiros, médicos, seguranças, assistentes sociais e todos que estão na linha de frente essencial vão se locomover? Se aglomerando no transporte público, que já está reduzido? Nós vamos lotar mais nossos ônibus, trens e metrôs? Não tem sentido. Essa é só uma medida impensada e sem noção. Ele [Bruno Covas] está com medo de chamar o lockdown e fica tomando medidas sem pé e nem cabeça. A presidenta Ivone, do Sindicato dos Bancários, me procurou para abertura de diálogo com a Prefeitura. O meu mandato está falando com o gabinete do Prefeito, com a Casa Civil e até com a CET para explicar o tamanho do problema que essa medida pode gerar”, destaca a vereadora (veja o vídeo abaixo).
“Estamos atuando de todas as maneiras para que os bancários sejam excluídos desta medida. Como profissionais de atividade essencial descrita em decreto, não é justo que sejam incluídos no rodízio. Apesar da atuação do Sindicato ter garantido que 55% da categoria tenha sido alocada em esquema de home office, mais de 280 mil trabalhadores em todo o Brasil, existe uma parcela que está trabalhando presencialmente, atendendo à população, inclusive no pagamento do auxílio emergencial, como no caso dos empregados da Caixa. Não faz sentido obrigar que estes trabalhadores utilizem o transporte público, já reduzido na capital paulista, arriscando a própria saúde e também se tornando um possível vetor de contaminação.Contamos com o apoio dos vereadores nesta reivindicação e também com a sensibilidade da Prefeitura em corrigir este grave erro com urgência”, enfatiza a presidenta do Sindicato, Ivone Silva.
Para Nabil Georges Bonduki, arquiteto, urbanista e professor titular de Planejamento Urbano da Universidade de São Paulo (Usp), a ação da Prefeitura e do governo paulista na questão da mobilidade em meio à pandemia de coronavírus é “desastrosa”.
“Na mobilidade a ação tem sido desastrosa. A frota de ônibus foi reduzida, mantendo a superlotação costumeira, o que ajudou a levar a Covid-19 para a periferia. O governo levou 50 dias (!) para obrigar o uso de máscara no transporte, e agora nas vias públicas. A prefeitura tenta reduzir os carros em circulação, bloqueando avenidas (medida suspensa em dois dias) e, a partir de hoje, com um rodízio radical. Não se sabe bem porque já que os carros ainda são a maneira mais segura de deslocamento e a medida, decidida de forma improvisada, criará mais demanda para o transporte coletivo. As exceções para os trabalhadores dos serviços essenciais exige um burocrático cadastramento, que ainda não foi feito”, afirma Nabil em artigo publicado na Folha de S.Paulo.
A CUT-SP, em nota de repúdio (leia na íntegra), também manifestou contrariedade em relação ao rodízio ampliado em São Paulo.
“O rodízio de placas pares e impares na cidade como medida para conter a pandemia é oposta aos cuidados necessários de combate ao coronavírus, obrigando trabalhadores dos setores privado e público, que não foram classificados como essenciais, a comparecerem aos locais de trabalho. A medida atrapalha o deslocamento de trabalhadores, empurrando os que se deslocam hoje de carro para o uso de transportes coletivos, elevando o risco de contaminação dos mesmos”, destaca a nota.
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Isolamento horizontal
A presidenta do Sindicato esclarece que a entidade é favorável a todas as medidas de combate ao coronavírus como o isolamento horizontal, mas que é preciso planejamento e que sejam oferecidas as condições necessárias para que os trabalhadores e população em geral possam de fato respeitá-las.
“Desde o início da pandemia, o Sindicato se posicionou favorável ao isolamento horizontal e a sua atuação nas negociações junto aos bancos sempre ocorreu no sentido de que o momento é de pensar na preservação de vidas, não em lucros. Desta forma, conseguimos que grande parte da categoria fosse alocada em home office e o compromisso dos três maiores bancos privados do país de não demitir enquanto perdurar o estado de calamidade pública. Diante do crescimento do número de casos de Covid-19 e de mortes decorrentes da doença, somos favoráveis ao endurecimento das medidas restritivas, com um possível lockdown. Porém, para que estas medidas sejam efetivas, devem ser planejadas minuciosamente, sem improviso, com diálogo e oferecendo as condições adequadas para que a população as respeitem. Do contrário, podem vir a gerar o efeito inverso ao esperado, como é o caso do formato de rodízio imposto pela Prefeitura de São Paulo”, conclui Ivone.
Pesquisa
Em pesquisa realizada no site do Sindicato, até sexta (8) 84,79% dos bancários disseram que seriam prejudicados pelo rodízio; 80,92% foram contrários à medida e 93,17%apoiaram o ofício enviado pela entidade ao prefeito Bruno Covas.
Além de responder à pesquisa de opinião sobre o rodízio, bancários podem se manifestar pelas redes sociais do Sindicato (facebook.com/SPBancarios e twitter.com/SPBancarios) e pela Central de Atendimento via chat ou solicitação via formulário.
O rodízio
Desde segunda-feira 11, nos dias ímpares só podem circular, em qualquer horário, veículos com placa final 1, 3, 5, 7 e 9. Nos dias pares, só podem circular, em qualquer horário, veículos com placa final 0, 2, 4, 6 e 8.
Todos os profissionais da área da saúde serão isentos do rodízio e devem se cadastrar por e-mail. Quem já tinha isenção de rodízio, como motociclistas, policiais militares, prestadores de serviços da rede elétrica, gás e água, continuam de fora da medida.