No Santander, diretores de rede, superintendentes e gestores em geral iniciaram uma convocação para os bancários retornarem ao trabalho presencial. Este retorno será aplicado em regime de rodízio: trabalharão presencialmente por 15 dias e em home office por 15 dias. Em torno de 30% retornarão na próxima segunda feira 18. E assim sucessivamente.
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Estão fora deste rodízio os trabalhadores considerados dentro do risco para a covid-19, além dos bancários com filhos ou dependentes que requerem cuidados. Essas pessoas devem informar aos gestores.
Caso não sejam excluídos do rodízio, esses trabalhadores devem informar imediatamente o Sindicato para que as providências sejam tomadas, já que o banco se comprometeu a mantê-los fora do rodízio.
Banco descumpre compromisso firmado com a Fenaban
Contudo, em negociação entre a Fenaban e o Comando Nacional dos Bancários, os bancos se comprometeram que todo e qualquer retorno presencial ao trabalho teria de ser negociado previamente com o Sindicato.
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“Uma série de questões precisam ser levadas em consideração antes de o retorno presencial ao trabalho ser implantado”, ressalta Lucimara Malaquias, dirigente sindical e bancária do Santander. “Por exemplo, na cidade de São Paulo está sendo implementado o rodízio de veículos. Portanto o retorno ao trabalho não será simples. As pessoas precisam pensar na questão logística. E o banco não ofereceu nenhuma alternativa para esses trabalhadores alegando que já paga vale-transporte, o que não é suficiente”, afirma a dirigente.
O Sindicato ingressou na Justiça solicitando a exclusão dos bancários do rodízio de veículos, mas a ação ainda não foi julgada.
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“Portanto, até o momento os bancários serão afetados pelo rodízio de veículos. E o banco não considerou isso ao começar a convocação de retorno”, critica a dirigente.
Assédio moral e cobrança de metas em meio à pandemia
Bancários denunciam cobrança abusiva de metas em meio à pandemia. Contradizendo a orientação do RH do banco, diversos regionais estão cobrando visitas presenciais a clientes, como se o Brasil não estivesse enfrentando uma crise sanitária que já resultou em pelo menos 11 mil mortos.
Para completar, muitos gestores estão fazendo lives, videoconferências e convocações que estão aumentando a apreensão e o estresse entre os trabalhadores.
“O tempo todo estão sendo realizadas videoconferências pressionando pelo retorno imediato ao trabalho. Ninguém sabe exatamente o que será aplicado e o que é apenas uma ideia mirabolante da cabeça de algum gestor voluntarioso, e com isso os trabalhadores ficam cada vez mais tensos porque as metas já estão sendo cobradas diariamente. Houve inclusive um diretor do Radar que fez uma live defendendo a redução da jornada com redução salarial. Contudo, o banco não confirma este medida. Trata-se de uma opinião pessoal do gestor”, ressalta Lucimara.
Santander já cravou o fim do isolamento social
Os gestores estão considerando a data de 31 de maio como a data limite para o isolamento social. Contudo, apesar do decreto do governador de São Paulo indicando a data para o fim da quarentena, ainda não é possível garantir que o isolamento social será de fato suspenso.
“Os números de contaminação e de mortos estão subindo a cada dia. O pico da curva de contaminação poderá nem ter sido alcançado no dia 31 de maio. Portanto, ainda é muito cedo para esses gestores já começarem a ameaçar suas equipes com o retorno ao trabalho no dia primeiro de junho”, afirma Lucimara
“Isso é um desserviço para o próprio banco porque as pessoas ficam cada vez mais tensas, mais estressadas e consequentemente produzem menos e com menos qualidade. Então ajudaria muito se o banco divulgasse um comunicado centralizando todas estas informações para os seus funcionários”, completa a dirigente.
Práticas antitrabalhador
O Santander tem adotado uma prática antissindical porque não negocia com os representantes dos trabalhadores medidas que afetam os trabalhadores, a exemplo do banco de horas. O banco simplesmente implementou a Medida Provisória 927 sem negociação prévia.
O Sindicato enviou nesta quinta-feira 14 uma pauta de reivindicações para ser debatida exclusivamente com o Santander a fim de reverter ou amenizar os impactos das medidas implantadas pelo banco que afetam os trabalhadores.
Além da prática antissindical, o banco adota a posição contrária à adotada no mundo que está cada vez mais intensificando o isolamento social, recomendando que as pessoas fiquem em casa.
“Adotar uma prática antisindical é adotar uma prática antitrabalhador. É não considerar a voz e a demanda dos seus funcionários”, afirma Lucimara. “O banco está justamente na contramão do que está sendo recomendado pela Organização Mundial da Saúde e da maior parte dos países, promovendo uma flexibilização nos procedimentos dos casos confirmados de covid-19, e ainda por cima está incentivando os trabalhadores a retornarem ao trabalho presencial, como se nós estivéssemos em uma normalidade que na verdade não existe”, acrescenta a dirigente.
“Isso é um atentado contra a saúde pública. O banco tem uma responsabilidade com o cliente, funcionário, sociedade e vamos cobrar, em mesa, que o Santander cumpra com as suas responsabilidades e compromissos adotados na Fenaban”, finaliza Lucimara.
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