Um ato lúdico realizado no Largo da Batata, no final da manhã desta quarta-feira 13, marcou o lançamento da Campanha Nacional 2018. A pauta de reivindicações da categoria foi entregue na sede da Fenaban (sindicato dos bancos), no início da tarde.
Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários – coletivo responsável pela negociação com a Fenaban – reforça que o sucesso da Campanha Nacional depende da participação de toda a categoria.
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A presidenta do Sindicato, Ivone Silva, conta alguns dos pontos que estão na pauta de reivindicações dos bancários, que será entregue à Fenaban. #TodosPorDireitos pic.twitter.com/BhuGtMxPgE
— Sindicato dos Bancários de SP, Osasco e Região (@spbancarios) 13 de junho de 2018
“A nossa intenção é que os banqueiros atendam às nossas reivindicações, porque os lucros dos cinco maiores bancos nos três primeiros meses deste ano já chegaram a R$ 20 bilhões. Então eles não podem dizer que não têm condições de atender às reivindicações da categoria bancária, e o nosso foco também é a defesa dos empregos. Participem, acompanhem, recebam as informações oficiais sobre a Campanha pelo site do Sindicato e pelo WhatsApp [11-97593-7749]”, orienta Ivone.
O ato que marcou o lançamento da Campanha Nacional 2018 fez alusão à Copa do Mundo, que terá início na quinta-feira 14, na Rússia. Entraram “em campo” as equipes Todos Por Direitos Futebol Clube (veja o jogo em vídeo), representando os trabalhadores, contra o escrete Ganância Futebol Clube, composto por empresários, banqueiros e o “vampirão” Michel Temer. Como não poderia deixar de ser, a equipe Todos Por Direitos venceu a partida por 3X1.
Assista ao jogo entre #TodosPorDireitos e Ganância F.C., o pontapé da Campanha Nacional https://t.co/LQ8yRbJ7VN
— Sindicato dos Bancários de SP, Osasco e Região (@spbancarios) 13 de junho de 2018
Reforma trabalhista e fim da ultratividade: direitos dos bancários ameaçados
Um dos principais objetivos do governo Temer foi a aprovação da reforma trabalhista (Lei 13.467/17). Apoiada pelos bancos, a nova lei resultou na retirada de uma série de direitos dos trabalhadores e busca enfraquecer a organização da classe frente aos patrões.
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Um dos direitos anulados pela nova lei, em vigor desde 11 de novembro de 2017, foi o princípio da ultratividade, que garantia a validade do acordo coletivo até a renovação do documento. Assim, todos os direitos previstos na CCT estariam ameaçados após 31 de agosto, data de sua validade.
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Entrega da pauta
Por isso, a Campanha Nacional deste ano foi antecipada para junho. O Comando Nacional dos Bancários propôs à Fenaban um acordo para garantir que a CCT 2016/2018 continue valendo até que outra seja assinada. Ou seja, para que a ultratividade continue valendo para os bancários.
Lucros, demissões e dividendos cada vez maiores
O lucro dos cinco maiores bancos que atuam no país (Banco do Brasil, Bradesco, Caixa Econômica Federal, Itaú e Santander) passou de R$ 58 bilhões, em 2016, para R$ 77,4 bilhões em 2017, crescimento de 33,5%.
No 1º trimestre de 2018, a tendência continua: foram R$ 20,6 bilhões lucro, 20,4% de aumento em relação a igual período de 2016, quando essas instituições lucraram R$ 17,1 bilhões.
Mas o aumento dos lucros não se traduziu no aumento da oferta de empregos. Desde 2013, foram eliminados quase 60 mil postos de trabalho de um total de 500 mil. Somente em 2017, os cinco maiores bancos, que concentram cerca de 90% das vagas do setor, eliminaram 17,9 mil postos de trabalho.
A tendência de encolhimento dos empregos continua em 2018. Nos primeiros quatro meses deste ano, foram eliminados mais de 2,3 mil postos de trabalho.
Por outro lado, acionistas dos bancos têm motivos de sobra para sorrir. As instituições financeiras continuam sendo as maiores distribuidoras de dividendos, segundo a Economatica. Em 2010, o setor pagou R$ 17 bilhões aos acionistas. Em 2017, foram pagos R$ 28 bilhões, aumento de 64,7%.
Democracia e participação na construção da pauta
A pauta de reivindicações é fruto dos debates da 20ª Conferência Nacional, realizada em 7 e 8 de junho, em São Paulo. Durante a Conferência, os representantes dos trabalhadores reforçaram a defesa dos direitos previstos na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) e a defesa da categoria, ameaçada pelos novos tipos de contratos previstos na lei (terceirização irrestrita, trabalho intermitente, autônomo, hipersuficiência).
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A defesa dos empregos, com a proibição das demissões em massa; das homologações realizadas nos sindicatos (para garantir que os bancários recebam tudo que lhes é devido em caso de demissão); a manutenção da mesa única de negociações entre bancos públicos e privados; a defesa dos bancos públicos que estão sendo desmontados e preparados para a privatização também serão pontos centrais na Campanha.
Na plenária final da Conferência, no domingo 10, os 627 delegados e delegadas, representando bancários de todo o país, aprovaram a pauta de reivindicações prevendo também reajuste da inflação mais aumento real de 5% para salários e demais verbas; e cláusula prevendo que as novas modalidades de jornada e contratações da lei trabalhista só poderão ser feitas por meio de negociação com o Comando Nacional dos Bancários.