Mesmo diante de insistentes cobranças do Sindicato no sentido de implementar um processo de negociação, a direção do Banco Carrefour (Carrefour Soluções Financeiras) reforçou sua insensibilidade ao se negar a discutir as demissões feitas em meio à pandemia do coronavírus.
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O banco se recusou a avaliar a reversão das demissões ou a oferta de um pacote demissional com mais vantagens, como por exemplo a extensão do convênio médico.
Dentre os 36 demitidos, três são pessoas com deficiência. Uma trabalhadora demitida tem uma filha com sérios problemas de saúde e depende muito do convênio médico. Ainda assim, o banco não se sensibilizou.
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“Cobramos da direção do banco a extensão do plano de saúde por um período maior, tão necessário às pessoas neste momento, já que consultas e exames não estão sendo feitos por conta do isolamento social, e poderiam ser adiados para o futuro se o período de cobertura do convênio médico pudesse ser prorrogado. Mas a reivindicação não foi atendida”, lamenta Neiva Ribeiro, secretária-geral do Sindicato.
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“Para piorar, a direção do banco gerou falsas esperanças, já que dizia estar disposta a negociar algo para esses trabalhadores e pediu para que o Sindicato enviasse as reivindicações. E, depois de uma semana, responde que nada atenderão. Uma vergonha”, protesta a dirigente.
Em resposta a um ofício enviado pelo Sindicato por causa das demissões, um representante do banco se limitou a alegar que nada será negociado, pois a instituição financeira entende que “as demissões foram justificadas (por baixa performance); que deu estrutura para as pessoas trabalharem em casa; que a jornada de trabalho não havia sido reduzida; que o número de demissões no período (total 36) é menor que no mesmo período do ano anterior; que se trata de turnover natural.”
Contudo, a resposta do banco não condiz com a realidade: muitos dos demitidos não se enquadravam em casos de baixa performance, pois tinham avaliações recentes e positivas de seus gestores. Quando estavam no local de trabalho, tinham jornada de oito horas e, quando em home office, passaram a fazer apenas seis horas, para cumprir exatamente as mesmas metas impostas e sem o fornecimento de estrutura adequada – para alguns só foi disponibilizada cadeira, mas as despesas com internet e todo o resto eram de responsabilidade do empregado. Muitos desses desligados contrataram serviços de banda larga e têm contrato de 12 meses a cumprir com a operadora, e o banco os dispensou, sem ao menos reembolsar esses custos.
Já o comparativo de desligamentos com o ano anterior é totalmente inadequado, pois a situação vivenciada agora é bem diferente e muito preocupante para as pessoas, que dificilmente conseguirão se reposicionar no mercado de trabalho tanto neste momento, em meio à pandemia do coronavírus, quanto posteriormente, por causa da crise que fatalmente atingirá a economia.
O banco informou o número de 36 demissões para um quadro de 718 empregados. “No entanto, sequer temos certeza se esta é uma informação verdadeira. Dependemos dos trabalhadores denunciarem se é uma situação de dispensa em massa”, salienta Neiva.
Os trabalhadores demitidos com dúvidas ou ainda que tiveram problemas durante o contrato de trabalho já foram orientados a procurarem o departamento de Assuntos Jurídicos do Sindicato.
“Uma empresa lucrativa demitir pais e mães de família em meio a uma situação tão delicada como a atual merece condenação da sociedade. O Banco Carrefour terá de se esforçar para manter sua imagem quando a crise passar, pois atitudes insensíveis de empresas, como a demissão de dezenas de pessoas no meio da pandemia, serão lembradas pelas pessoas no futuro”, afirma Neiva Ribeiro.
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