São Paulo – Presidente do Banco Central e sócio e ex-economista chefe do Itaú. Esse é o currículo de Ilan Goldfajn, que saiu em defesa da reforma da Previdência proposta pelo governo Temer. Reforma que, na prática, representa o fim da aposentadoria pública para os trabalhadores brasileiros.
"É de grande importância", afirmou o banqueiro na segunda-feira 14, de acordo com a Agência Estado, sobre as "reformas" do governo que integra. "O objetivo final do nosso trabalho é melhorar as condições de vida das pessoas. Essa é a nossa importância para a sociedade", concluiu o presidente do BC.
"Resta saber para quem o desmonte da previdência é importante. Talvez para os bancos, que seriam os grandes beneficiados com o fim da aposentadoria pública, o que certamente acarretará no aumento de vendas de planos de aposentadoria privada", rebate a secretária-geral do Sindicato, Neiva Ribeiro. "Também não sabemos de quais pessoas eles estão querendo melhorar a vida. Com certeza não é a dos trabalhadores, porque já enterraram os direitos previstos na CLT e agora querem inviabilizar a aposentadoria (veja abaixo)", acrescenta.
Goldfajn também tentou minimizar estudos que mostram a ausência de déficit nas contas da Previdência Social, afirmando ser uma tese da Associação Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Anfip), quando, na verdade, é defendida por inúmeras entidades e profissionais.
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De acordo com o economista e professor da Unicamp, Eduardo Fagnani, por exemplo, se respeitada a Constituição de 1988, que estabeleceu o modelo de contribuição tripartite (trabalhadores, empresários e governo), a seguridade social no Brasil seria superavitária. Ele explica: “A Previdência é financiada pelos trabalhadores, empresários e Estado. Mas desde 1989, os governos não contabilizam a parte do governo. A Seguridade Social [composta por Previdência, Assistência Social e Saúde] é superavitária, mas os recursos são desviados. De onde vem o déficit? Vem de uma contabilidade inconstitucional que não leva em conta a contribuição do Estado”.
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Os procuradores da fazenda também questionam os números de Temer. Em audiência de CPI sobre o tema no Senado, na segunda 14, Achilles Frias (foto acima), presidente do Sindicato Nacional dos Procuradores da Fazenda Nacional, afirmou ser “fundamental desmascarar os números” da Previdência. Disse, ainda, que o governo federal não deveria propor uma reforma no setor, mas sim cobrar quase os R$ 500 bilhões em dívidas com o INSS.
R$ 426,07 bi – O que Goldfajn não disse foi quando o governo pretende cobrar esse quase meio trilhão de reais citado por Farias (R$ 426 bilhões) em dívidas que as empresas têm com a Previdência. Só os cinco maiores bancos do Brasil, somados, devem R$ 1,3 bilhão. Os R$ 426 bilhões correspondem a quase três vezes o tal déficit alegado pelo governo Temer.
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